PUBLICIDADE
  • A minha conta
  • Loja
  • Arquivo
  • Iniciar sessão
Carrinho / 0,00 €

Nenhum produto no carrinho.

Jornal de Leiria
PUBLICIDADE
ASSINATURA
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Jornal de Leiria
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Home Opinião

No saber das loucas há mais mundo

Sara Araújo, socióloga por Sara Araújo, socióloga
Fevereiro 25, 2022
em Opinião
0
0
PARTILHAS
0
VISUALIZAÇÕES
Share on FacebookShare on Twitter

Em 2016, a escritora e jornalista Alexandra Lucas Coelho escreveu um artigo a que regresso com frequência e que começava assim: “Aos 18 anos, eu achava que era pós-feminista. Trinta anos depois, sou feminista, mais a cada dia, e não será por acaso que ouço cada vez mais mulheres declararem-se feministas”.

O cumprimento de importantes bandeiras de luta e conquistas ao nível da igualdade formal terão dado razões para crer, por um instante, que uma erosão continuada do sexismo não enfrentaria resistência.

Voltando ao discurso de ALC, “se há 30 anos eu me via pós-feminista era por acreditar que os machistas estavam em extinção, evolução natural, questão de tempo. E se agora me vejo cada vez mais feminista é por verificar que, mesmo com tudo o que se fez e sabe […] o machismo soma e segue”.

A falácia do desenvolvimento, que faz corresponder progresso e igualdade nas sociedades capitalistas, produz a ilusão de que o sexismo é um vestígio do passado, resultado de uma meta por cumprir, que será alcançada sem mudanças estruturais.

Não fossem as feministas, não estaria estudada a parceria conveniente entre capitalismo e patriarcado, que responsabiliza as mulheres pelas tarefas do cuidado, ao mesmo tempo que desprestigia a esfera doméstica, naturalizando a inferioridade feminina.

As sociedades modernas precisaram de agregados familiares adequados às necessidades capitalistas. A família tradicional, nuclear e heteronormativa, é uma invenção que isolou as mulheres, fragilizando-as.

Ainda que, no Ocidente, muitas de nós se consideram mais libertadas que as mulheres africanas, nos sete anos que vivi em Moçambique vi nas redes femininas das famílias alargadas lições de resistência ao patriarcado e ao capitalismo.

Fui adolescente em Portugal numa época em que o feminismo era entendido como promotor de uma guerra de sexos fora de moda. Só mais tarde percebi que é uma arma contra a hierarquia de género, que coloca os homens numa situação de privilégio, mesmo que não façam por isso.

O ininterrupto escrutínio que recai sobre nós na expressão do desejo ou das ideias é um catalisar de inseguranças, que promove a competitividade feminina, vulnerabilizando as mulheres no seu conjunto.

“Tens que gostar de ti para ser amada”, grita-nos a mesma sociedade que nos ensina a odiar o nosso corpo, a comparar-nos por defeito, a duvidar de nós e a procurar validação em sistemas de poder enviesados, controlados por homens brancos.

O feminismo em que me revejo não grita frases feitas, revela possibilidades. Se, por um lado, desnaturaliza agressões normalizadas, por outro dá voz a alternativas silenciadas debaixo do sistema de classificação patriarcal.

A felicidade nem sempre mora na fantasia romântica, em que dor e amor se confundem. Há mais para conhecer observando para além dos rótulos.

Na sabedoria politizada das loucas, das bruxas, das mal-amadas, das histéricas, das conflituosas, das brutas, das emocionais, das frígidas, das não comíveis, das putas, das fufas, das selvagens há mapas de ser, estar e amar que os guardiões do patriarcado quiseram desqualificar. Nesses mapas está a sabedoria que liberta.

 

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990

Etiquetas: opiniãoSara Araújo
Previous Post

Dicionário improvisado (III)

Próxima publicação

E o número de mortes?

Próxima publicação

E o número de mortes?

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

  • Empresa
  • Ficha Técnica
  • Contactos
  • Espaço do Leitor
  • Cartas ao director
  • Sugestões
  • Loja
  • Política de Privacidade
  • Termos & Condições
  • Livro de Reclamações

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.

Bem-vindo de volta!

Aceder à sua conta abaixo

Esqueceu-se da palavra-passe?

Recuperar a sua palavra-passe

Introduza o seu nome de utilizador ou endereço de e-mail para redefinir a sua palavra-passe.

Iniciar sessão
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Opinião
  • Sociedade
  • Viver
  • Economia
  • Desporto
  • Autárquicas 2025
  • Saúde
  • Abertura
  • Entrevista

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.