O edifício onde Eça de Queirós trabalhou como administrador do concelho, no largo da Sé, em Leiria, e os imóveis envolventes vão ser reabilitados no âmbito de um projecto que prevê a requalificação de grande parte desse quarteirão para habitação. No total, serão intervencionados cinco prédios, com a criação de 36 fogos.
De acordo com o projecto, entregue na câmara em Julho deste ano, além da reabilitação, está prevista a ampliação de “alguns” dos edifícios “até ao alinhamento” dos confinantes. Será esse o caso do prédio que faz esquina entre a rua Almeida Garret (paralela à Loja do Cidadão) e a travessa do Adro, cuja fachada passará a alinhar com os edifícios envolventes.
O projecto, consultado pelo JORNAL DE LEIRIA, contempla também uma construção “totalmente nova” nas antigas garagens existentes na rua D. Sancho I (entre a Sé e o quarteirão a intervencionar), com três pisos e alçados “simples”. Nos restantes edifícios os alçados ficarão “inalterados” e “devidamente recuperados.”
Na generalidade dos telhados virados para o espaço púbico serão introduzidas janelas trapeiras, com a proposta de intervenção a alegar que estas estruturas “integram-se no estilo de coberturas” predominante no centro histórico e “não descaracterizam” os edifícios mais antigos.
A intervenção proposta para o quarteirão, que deixa de fora três prédios, assenta na “junção” de várias parcelas, de forma a constituir um conjunto habitacional “único em torno de um pátio comum” existente no interior, explica a memória descritiva.
Está também prevista a criação de um segundo pátio mais pequeno, que terá um espaço designado por “sala do condomínio” e uma área para carregamento e parqueamento de bicicletas eléctricas. Em relação à tipologia dos apartamento, a maioria será T1 (25, entre os quais três duplex), estando ainda previstos oito T0 e três T2 duplex.
O objectivo é apostar no “mercado jovem” e revitalizar o sector habitacional da zona, com um “conjunto residencial significativo” e com “elevados índices de qualidade e conforto”.
Segundo o JORNAL DE LEIRIA apurou, o projecto tem como promotor a Simolis, empresa liderada pelo comendador Armando Lopes, responsável também pela reabilitação da antiga Companhia Leiriense de Moagem e pela construção do Edifício 2000. O projecto para a zona da Sé está em apreciação pelos serviços camarários.
Também no largo da Sé, o histórico edifício que albergou a antiga ‘Pharmácia Paiva’, onde nasceu o poeta Acácio Paiva e que fez parte de o O crime do padre Amaro, obra de Eça de Queirós, já tem projecto aprovado. Segundo o promotor, a empresa Cetial, o prédio terá apenas habitação, com oito apartamentos (T2, T1 e T0). O restauro do azulejo da fachada, da fábrica Viúva de Lamego, será feito por um especialista que os “irá limpar, restaurar e consolidar no local”. Quanto ao início da obra, o promotor adianta que está ainda a aguardar orçamentos. Além de servir de modelo à “Botica do Carlos” na obra de Eça de Queirós, o edifício albergou a Pharmácia Paiva, a primeira farmácia a ser instalada em Leiria. A última ocupação que o prédio teve foi como bar, o Anúbis e, antes, o Pharmácia Bar, que funcionaram no rés-do-chão.