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Home Opinião

Asfaw Yemiru

Helena Rafael, assessora de imprensa por Helena Rafael, assessora de imprensa
Maio 27, 2021
em Opinião
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Gosto de ler obituários. Sobretudo os que derivam de uma tradição literária e, em textos breves, descrevem o que de irredutível nos distingue a passagem pelos dias.

Os meus favoritos são os publicados na Economist. Além dos inevitáveis, a revista britânica surpreende frequentemente com textos sobre pessoas de vidas discretas.

A edição desta semana trouxe-me à leitura um desses casos. A 8 de Maio de 2021 morreu Asfaw Yemiru. “Uma longa caminhada para o conhecimento” foi o título que a revista deu ao seu obituário.

De idade incerta, teria 78 ou 79 anos. Partiu descalço, tal como quando nasceu.

Asfaw, etíope, fugiu aos 9 anos da pequena aldeia onde vivia à procura de uma vida melhor em Adis Abeba. Tinha 50 cêntimos no bolso. Não tinha sapatos.

Ficou a dever a sua sobrevivência ao trabalho como carregador de rua, à semelhança de muitas outras crianças pobres.

Implorou para dormir no cemitério da catedral da cidade e o acaso trouxe-lhe alguma sorte.

Ao devolver o queijo que caíra do cesto de uma riquíssima mulher turca, ela, grata, faz dele caseiro da sua quinta dando-lhe como pagamento a possibilidade de frequentar a escola. Asfaw que tinha sede de conhecimento ali aprendeu tudo o que lhe foi ensinado.

No final do ensino primário foi-lhe atribuída uma bolsa de estudos, mas por ser uma criança de rua viu-se preterido por uma outra, de berço privilegiado.

Inabalável, apresenta-se descalço e coberto de pó no gabinete do director informando-o num inglês sem mácula – “O meu nome é Asfaw Yemiru. E estou aqui para aprender.”

Asfaw é assim admitido e, à medida que a sua formação vai progredindo, começa a imaginar uma outra escola – a que daria o nome Asra Hawariat – destinada a crianças pobres da Etiópia.

Horrorizado com o desperdício alimentar do internato convence o director a distribuir as sobras pelas crianças de rua.

E faz de si próprio, aos 14 anos, o seu primeiro professor, ensinando-as a ler e a escrever debaixo de um enorme carvalho no pátio de uma igreja para onde se dirige diariamente após as aulas.

A sua popularidade aumenta e Asfaw chega a ter cerca de 300 crianças de rua a seu cargo. Durante uma visita do imperador da Etiópia ao internato decide parar à frente da sua limousine pedindo-lhe um pedaço de terra.

Em 1961 recebe-o e ali constrói uma primeira escola com a ajuda das crianças, ramos de eucalipto e tijolos partidos.

Sedento de conhecimento, mas consciente da importância da sua escola, Asfaw abdica dos estudos universitários e prossegue com o seu projecto educativo, consciente da sua sobrelotação crescente e do desajustamento das matérias à real necessidade de subsistência dos jovens.

Resolve assim abrir uma segunda escola dedicada ao ensino de ofícios ligados à agricultura e à pecuária. Sem dinheiro faz uma caminhada de angariação de fundos.

Caminha um total de 1000 quilómetros – Adis Abeba-Harar-Adis Abeba. Os apoios de anónimos, amigos e organizações internacionais começam a chegar.  Consegue fundos para criar uma segunda escola em 1972.

Premiado com o World’s Children’s Prize for the Rights of the Child, sempre se sentiu incomodado com o sucesso e uma das suas preocupações constantes foi a de manter viva na memória dos seus alunos a inutilidade de um diploma quando se esquecem as origens, estimulando-os a ensinar adultos analfabetos. Só isso permitirá esbater a clivagem entre ricos e pobres. 

Numa das visitas que o imperador etíope fez às escolas, Asfaw Yemiru, distraído, apareceu descalço como fizera na sua primeira marcha aos 9 anos.

Com um percurso de mais de 120.000 crianças pobres educadas nas suas escolas e com níveis de sucesso escolar elevados, o imperador não reparou nos seus pés.

O trabalho desenvolvido pelas escolas de Asfaw Yemiru pode ser consultado aqui – http://www.asrahawariatschool.org/

Etiquetas: Helena Rafaelopinião
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