Já não há paciência… para os populistas, para os intolerantes, os que se dizem anti conformistas; nem para os moralistas, os politicamente corretos, e os paternalistas. Enfim, para todos aqueles que estão absolutamente convencidos de estarem absolutamente certos.
Detesto… fundamentalistas, pessoas que falam ao telemóvel nos transportes públicos e puré de batata – por nenhuma ordem em particular.
A ideia… do amor platónico faz-me comichão. Não sei quem a inventou, mas não foi Platão.
Questiono-me se… as pessoas que dizem “é que eu sou muito direta/o” depois de serem muito brutas, sabem que na verdade são só bestas mal educadas. E se as pessoas que dizem “sem ofensa” depois de ofenderem sabem que podiam ter estado caladas.
Adoro… ir ao cinema sozinha, começar um livro novo, beber copos e petiscar em boa companhia, falar com o meu psicólogo às sextas à tarde, receber bilhetinhos com mensagens queridas, dias de Outono frios mas solarengos… mas adoro ainda mais ter razão.
Lembro-me tantas vezes… de fechar a porta de casa às chaves, mas às vezes esqueço-me.
Desejo secretamente… que as pessoas que fumam nas paragens de autocarro de manhã se engasguem com a própria saliva 3 vezes por dia, sem terem água por perto.
Tenho saudades… dos meus pais, das migas que se fazem em Leiria e da morcela de arroz, do gato que vivia na primeira casa em que morei aqui em Turim, do meu quarto em Lisboa, do senhor Rogério que conduzia o autocarro que me levou à escola em Fátima durante 8 anos da minha vida (e que esperava por mim quando me atrasava).
O medo… que eu tive quando a meio da noite o meu namorado me acordou e disse “preciso de te dizer uma coisa”. (Afinal só não conseguia dormir porque pensava que tínhamos um rato à solta em casa. Podia tê-lo dito logo, mas escolheu fazer suspense e eu que por uns segundos achei que ele ia terminar a nossa relação assim, a meio da noite, de pijama).
Sinto vergonha alheia… ia responder “de nada nem ninguém” mas depois lembrei-me que há pessoas que nunca viram ou leram o Senhor dos Anéis (ou qualquer outra obra do Tolkien).
O futuro… é depois, é amanhã, é daqui a bocado, daqui a um mês, dois, ou três, daqui a um ano ou um século. Eu e o futuro nunca estaremos no mesmo sítio, ao mesmo tempo. Eu estou aqui e ele está sempre ali. Não acho que ele pense muito em mim, por isso tento não pensar muito nele. Tento.
Se eu encontrar… o sentido da vida, provavelmente vou olhar à minha volta e perguntar “quem é que deixou cair isto?”
Prometo… deixar-me de merdas e escrever a tese para acabar este mestrado. Depois, prometo deixar as outras merdas que tornam tudo aquilo que faço numa luta constante entre a vontade de fazer e o medo de não fazer bem.
Tenho orgulho… em mim. Estou a brincar, ainda agora disse que tenho de trabalhar nisso… Mas tenho orgulho em pedacinhos de mim. De resto, vai-se andando.