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Home Opinião

Casal ao postigo

João Lázaro, psicólogo clínico e director do TE-ATO por João Lázaro, psicólogo clínico e director do TE-ATO
Abril 1, 2021
em Opinião
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A Permarcati já está a vender café ao postigo. A Ana e o Paulo espreitaram a ocasião e encontraram-se para partilhar a bica enamorada que diariamente tomam depois do almoço. Estava um sol adivinhador duma Primavera que chegaria dois dias depois e que bem o aproveitavam, sentados no rebate da montra do café a saborear uma cumplicidade que não hesitam em expor.

A avenida quase sem ninguém e eu a descer por ela. Já tinha bebido café em casa, mas, mesmo não bebendo café adoçado, faltava-me o açúcar das palavras e a colherzinha dos pensamentos com que saboreio os encontros ocasionais nos cafés da praça. E ali ficámos, felizes por aquele encontro num esquiço de conversa onde os filhos e a escola são quase sempre tema predominante.

Saí dali para o dever das consultas agendadas e dei comigo a pensar nesta estranha normalidade que nos vai corroendo a teia das relações. Tenho saudades do futuro que tarda em chegar.

Desde há um ano atrás, quando o mundo tal como o conhecíamos ficou virado do avesso, que nos vamos habituando a este estado de depressão adaptativa.

Diariamente escuto o lamento do cansaço, das oportunidades perdidas, da distância imposta aos mais queridos, dos sonhos por cumprir e das vontades adiadas. Por vezes, para amenizar a conversa, ironizo sobre o ganho da recuperação – quando não mesmo da aquisição – de um léxico esquecido.

Reaprendemos a dizer postigo, confinamento, pandemia, distopia e um sem número de vocábulos recuperados para dar nome ao desacerto e desconcerto em que nos vamos arrastando.

Gente muito sábia e avisada tem refletido sobre os efeitos a longo prazo deste afastamento social.

Alguns têm ido mais longe e alertado para a possibilidade de Estados mais totalitários poderem ensaiar e tirar partido da situação como forma de controlarem abusivamente os seus cidadãos. Reconheça-se, contudo, que a ciência e o conhecimento recuperaram espaço na interpretação da realidade.

Hoje escutamos o saber científico com uma atenção mais atenta e sentimos confiança em quem nos explica a razão e nos ajuda a antever a evolução das coisas.

Claro que aqueles que pensam sem aderência à realidade têm agora terreno fértil para expor os seus pensamentos débeis de conteúdo e forma.

Os crentes nas teorias da conspiração, os fanáticos do negacionismo, os fascistas, os ditos ‘antissistema’ incapazes de elaborar e expor um sistema alternativo, sentem-se como peixe na água na sua impossibilidade de se emocionar com o outro porque desconhecem que o mote da civilização é a empatia.

Enquanto a Primavera não se cumpre, até que nos possamos juntar num abraço comum, resta-nos um café ao postigo, dois dedos de conversa a apanhar sol, sabermos do outro e dos próximos do outro para não nos sentirmos sós. E o mais importante, não nos esquecermos de perguntar como poderemos ajudar.

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990

Etiquetas: João Lázaroopinião
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