Leiria, através da distinta iniciativa do Município, celebra Francisco Rodrigues Lobo após 400 anos do seu desaparecimento físico.
São inúmeras as iniciativas, já divulgadas, sobre uma das maiores, se não a maior, referência da Literatura de Leiria.
Regionalista na sua obra poética, como escritor, do ponto de vista da dimensão da sua obra, não se pode considerar como tal.
É um poeta de âmbito nacional, ou deveria ser, e até europeu.
Pelo menos, durante muitos anos, no ensino português, era considerado como tal.
Cantou Leiria como poucos. Abraçou os seus rios Lena e Lis e acabou por morrer nas águas do Tejo com o “seu” Leireno.
Rodrigues Lobo, com o seu género bucólico, concentrou o pensamento, enquanto poeta, ao ambiente rústico e, de certa forma, deu-lhe um cunho de pastoralismo, tema que, nos séculos XVII e XVIII, também dominou na Arte.
Camilo Castelo Branco descreveu a obra de Rodrigues Lobo como se a mesma fossem “pinturas dos quadros da natureza distribue colorido admirável” com toques de saudade e tristeza.
Sem dúvida que nas novelas pastoris de Rodrigues Lobo encontramos um realismo que nos transcende para paisagens verídicas tornando-o num pré-romântico, antecedendo Salomon Gessner, Jean-Pierre Florian ou mesmo James Thomson, o poeta tecelão.
As três novelas da sua obra A Primavera (A Primavera, O Pastor Peregrino e O Desenganado) são uma trilogia que assenta numa verdadeira obra-prima.
Obra que teve seguidores (alguém os chamou de imitadores).
Contudo, a sua obra, com uma certa aproximação a Cervantes, foi amplamente elogiada por grandes nomes da Literatura como Lope de Veja, Ferdinand Denis e, entre outros, Hugo Rennert que classificou A Primavera como “o melhor dos romances hispânicos”.
Está de parabéns o Município pela iniciativa, através do seu coordenador Carlos André.
Agora, é abraçar a ideia, aprender e participar.
Decerto, com o programa estabelecido, Leiria vai mostrar a razão pela qual a obra de Rodrigues Lobo é uma das melhores do país e até da Europa.
Rodrigues Lobo é mais do que uma praça e uma estátua…