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Home Opinião

Artífices de simpatia

João Lázaro, psicólogo clínico e director do TE-ATO por João Lázaro, psicólogo clínico e director do TE-ATO
Dezembro 17, 2020
em Opinião
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Em tempos muito idos servi à mesa.

Necessidades de antanho que os tempos eram bem difíceis, o pão nosso de cada dia mais que uma ladainha e a pouca idade não era então considerada premissa impeditiva para se trabalhar.

Ganhava-se mal, muito mal.

Ao final do mês quando me era depositado o resquício de salário na palma da mão, havia que ser relembrado que aquelas notas eram uma esmola caridosa do patrão e muito além que a contrapartida merecida das horas penadas sem fim ou horário.

Dez Rainhas Santas, almoço e jantar, mais umas quantas moedas das gorjetas distribuídas proporcionalmente à hierarquia do pessoal.

Era pouquinho, mas enfim, lá me iam dizendo que migalhas também é pão.

O restaurante era perto de casa, de janelas amplas ao redor da sala, com uma paisagem como só a Sra. do Monte proporciona, sem comparação nas redondezas, e a clientela não faltava.

Ao almoço muitas reuniões de negócios entre gerentes bancários e empresários de nome e vulto na praça.

Por vezes, na boca de alguns senhores que escolhiam sempre a mesa do canto, segredavam-se palavras proibidas para os bufos do regime que os havia sempre e nem sempre em quem tinha razões para o ser, apenas por cobardia submissa e gosto pelo poder medíocre que ostentavam.

À noite a fauna variava e quase sempre feita de casais, muitos deles com ar comprometido pela ilicitude daqueles amores furtuitos e que a nossa discrição reconheciam pelas moedas deixadas de sobra na pequena bandeja da conta.

Aos domingos famílias sorridentes e, por vezes, o cavalheiro da véspera agora de braço dado com a mãe da sua cachopada. De quando em vez uma boda sempre inaugurada com canja farta.

Uma vez o “chef” atreveu-se a servir um creme aveludado e choveram reclamações que a sopa não tinha entulho.

Por força de um pensamento reinante, alguns clientes, para nos chamar, esticavam o braço sobre a cabeça, estalavam os dedos e soltavam um sonoro “criado!”.

Não sei se por sermos boçais da edução e trato ou por aquele tratamento nos soar a injúria, fechávamos o rosto e atendíamos ao chamado com falsa subserviência.

Ao tempo de hoje as coisas são bem diferentes.

Imagino que os ordenados continuem a ser cotados por baixo no setor da restauração, mas louvo quantos empresários estoicamente mantêm os postos de trabalho mesmo atravessando uma crise sem memória e que a todos nos toca.

Uma ou outra vez somos atendidos por gente que notoriamente trabalha a contragosto, quiçá por imperiosa necessidade de sobrevivência, que nos azia a refeição e nos faz decidir naquele instante nunca mais lá voltar.

Outras, porém, há toda uma elegância e cuidado no trato com que nos recebem, que nos impõe perdoar um prato menos bem servido e a acidez da conta, gente com formação especializada, quase sempre oriunda de escolas profissionais, que muito prestigiam e dignificam a profissão.

Depois há ainda uns outros, artífices de simpatia, cada vez mais e muitos entre tantos.

Mulheres e homens que fazem o favor de nos atender, servir, por vezes aturar os nossos pequenos e burgueses caprichos, mas sempre com uma cortesia e cuidado que em muito ultrapassam o que lhes é exigido e a nós, clientes, devido.

Gente de reta coluna vertebral, orgulhosa da sua função e que condimentam os pratos com simpatia e cumplicidade.

Gente que nos obriga a voltar apenas pelo prazer de ser assim recebido.

Muitos haveria que nomear, mas experimentem ir ao Xico Lobo e ser atendidos pela Susana ou pela Sílvia e provarão do que vos falo.

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990

Etiquetas: João Lázaroopinião
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