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Home Opinião

Fome

Luís Mourão, dramaturgo por Luís Mourão, dramaturgo
Novembro 6, 2020
em Opinião
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Não faço ideia de onde vem a anedota do cavalo do espanhol que foi privado de alimentos e que quando estava mesmo a conseguir sobreviver, morreu.

Vocês conhecem-na, mesmo que alguma coisa mude, o final é idêntico e a moral da história a mesma e cristalina.

Os trabalhadores do espetáculo e das Artes em geral em Portugal, seja qual for a forma como se manifestam, estão no mesmo plano do cavalo assassinado.

Estão em treinos para sobreviver sem alimento e conforto material de tipo nenhum.

Estão a caminho de um final trágico.

É claro que quase ninguém lhes deseja esse fim, não há cidadão, por mais amorfo, nem político, por mais boçal, que não lance os mais lancinantes lamentos sobre a desgraçada situação do animal ou as mais elaboradas teorias sobre a capacidade extraterrestre de sobreviver da abundante criatividade que paira abundante e gratuita no ar.

No fundo, o que boa parte deles espera é que o cavalo tenha o mesmo caminho do Artista da Fome, de Franz Kafka, que exercitou o jejum com tal denodo e permanência que morreu, pele e osso, num cantinho abandonado do Circo.

As multidões que se acotovelavam para o ver no início da sua fatal carreira, cansadas, voltaram-lhe as costas e deixaram-no definhar em apatia e silêncio. Morreu mas, morreu porque, bem vistas as coisas, assim quis.

Morreu, mas ninguém, rigorosamente ninguém, teve a mínima responsabilidade no trágico desfecho. Mas estas histórias perdem-se num nebuloso e incerto passado e hoje as coisas já não são o que eram.

Aliás, basta ler as Causas de Decadência dos Povos Peninsulares, de Antero de Quental, para medirmos a confortável distância a que nos colocámos do pântano de mediocridade, estupidez e corrupção material e imaterial que era esse tempo.

Hoje, o cavalo, mesmo em tempo de praga de gafanhotos, teria uma vida diferente.

Teria um Ministério das Artes Equestres que trabalharia infatigavelmente para encontrar soluções, mesmo para aqueles que não têm as licenças em dia e argola na orelha, conquistando apoios estruturados, construindo sinergias sólidas, investindo em picadeiros e circuitos renovados onde os animais fizessem o que sabem fazer e, sobretudo, arranhando com fúria os campos e os celeiros para encontrar novos alimentos.

São diferenças que nos entram pelos olhos dentro. Ou isso. 

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990

Etiquetas: Luís Mourãoopinião
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