A facturação do sector da restauração em Portugal registou uma “significativa recuperação em 2021”, tendo crescido 14,2%, face a 2020, para os 3,5 mil milhões de euros, de acordo com a última análise da Informa D&B.
“Apesar desta recuperação, o sector mantém valores 25% abaixo do que registou em 2019”, destaca a consultora.
O segmento de comida rápida “foi o mais dinâmico, devido à sua competitividade de preços e às mudanças nos hábitos de consumo da população”.
Neste segmento, o volume de negócios cresceu 19% em 2021, para os 1,1 mil milhões de euros, o equivalente a 31% do total do sector.
Sofia Xavier, gerente do restaurante Ao Largo, em Leiria, não consegue comparar 2021 com 2019, porque no ano passado o estabelecimento passou a ter uma esplanada e, por isso, mais lugares.
Mas reconhece que a partir de Maio do ano passado, e durante todo o Verão, se notou “muito movimento”.
“As pessoas estavam sedentas de sair, os bares ainda estavam fechados, não era fácil viajar, e a restauração era o único escape”, considera.
Já em 2022, entre Maio e Julho, o negócio “foi muito mais fraco” do que em igual período do ano passado, situação que Sofia Xavier atribui ao receio dos consumidores, em resultado da guerra na Ucrânia e do aumento generalizado dos preços.
Mas Agosto trouxe consigo “muito movimento”, com “muitos emigrantes e turistas”, que estão a animar o negócio, reconhece a empresária.
“Temos estado a trabalhar bem, está a dar resultado a aposta que fizemos”, diz por sua vez Vasco Ferreira, responsável pelos projectos Chico Lobo, Mata Bicho e Galo Doido, no centro de Leiria.
“Em Maio, Junho e Julho o número de clientes e o volume de negócios foi superior a igual período do ano passado”, constata, lembrando que a empresa criou novas alternativas e trabalha sobretudo para o segmento médio alto.
Em Agosto, nota igualmente um maior número de turistas, nacionais e estrangeiros, além dos emigrantes.
Apesar de os custos de exploração terem subido, pelo menos 10% face a 2019, Vasco Ferreira diz que de Abril até agora a dinâmica do negócio tem sido “bastante interessante” e revela que o take away, área que passaram a explorar durante a pandemia, “é a grande revelação”.
“A dinâmica dos últimos meses dá-nos coragem e é uma luz a meio do túnel”, afirma, explicando que se continuar permitirá uma estabilização financeira que ajudará a fazer face ao aumento de despesas dos últimos anos.
“Agosto é naturalmente favorável à restauração, mas também a outros negócios, devido à chegada dos emigrantes, sobretudo depois de anos de pandemia, em que estiveram quase impossibilitados de vir a Portugal”, lembra Célia Volante.
A gerente do Dom Abade, em Porto de Mós, diz que Agosto é “um mês bom, em termos de facturação, mas ainda não estamos aos níveis de 2019”.
Também Eduardo Leal fala no “contributo importante” que a retoma do turismo e a chegada dos emigrantes está a trazer ao negócio neste mês de Agosto.
O responsável pelos restaurantes McDonald’s de Leiria e de Fátima diz ainda que os níveis da actividade estão este ano “quase em linha com os de 2019”.
Segundo a análise da Informa D&B, o volume de negócios dos restaurantes vai manter a tendência de crescimento em 2022, “com os principais grupos de restauração no segmento de comida rápida a continuar a ganhar peso face aos restaurantes independentes de comida tradicional”.
“É também de assinalar a crescente digitalização de processos e o prolongamento da tendência dos serviços de entrega ao domicílio e de recolha no restaurante, em consequência das mudanças nos hábitos dos consumidores”, aponta a consultora.