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António Ginja, arqueólogo e historiador da arte por António Ginja, arqueólogo e historiador da arte
Setembro 10, 2020
em Opinião
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No dia em que partiu para estudar, levava consigo uma mochila cheia de sonhos.

Sempre esbarrara em dificuldades e obstáculos, como se toda a vida tivesse sido uma gigantesca gincana às cegas, pejada de preconceitos traiçoeiros e de discriminações tortuosas.

Era demasiado jovem, diziam. Demasiado ignorante, demasiado dependente,demasiado fraca, demasiado sensível. Era demasiado menina.

Foi a primeira a partir, deixando para trás murmúrios reprovadores e calúnias veladas. Ascendeu pela escada da educação, dos mais básicos degraus da instrução, aos mais elevados patamares da igualdade. Convictamente calcando cada degrau da cidadania, arrancou da escola a sua autonomia e a sua emancipação. Os sonhos, de tão grandes, já não cabiam na sua mochila.

Um dia, sonhando pelas avenidas da liberdade, conheceu a dúvida.

Tornaram-se grandes amigas. Plantaram juntas teimosia e insolência nas leivas da determinação e da confiança, colhendo delas cisma e ceticismo. Fermentaram o pão da amizade com a levedura da cobiça, comendo depois o egoísmo. Cantaram pelas colinas da sensibilidade o ócio e o desperdício. Pintaram sobre a tela gratificante da educação e do trabalho cenas de tédio e de decepção.

A dúvida encontrara a sua voz. Bradava a plenos pulmões.

Era demasiado ingénua, berrava-lhe. Demasiado obstinada, demasiado afetuosa, demasiado servil, demasiado emotiva. Era demasiado mulher.

Ricardo Graça

 

Na mochila pesavam agora a hesitação e a desconfiança. Pelos cantos da vida rojavam os destroços dos velhos sonhos. Ali, jazendo cobertos de pó, feneciam os farrapos da independência. Além, desprezados pelo chão, definhavam restos de afirmação. Acolá, rotos e desbotados, mirravam abandonados e esquecidos uns resquícios de igualdade.

A mochila pesava-lhe no dorso, nas mãos morriam-lhe os sonhos.

Lembrou-se então da escada da cidadania. E de novo surgiu a coragem para agarrar os intrépidos corcéis das oportunidades. A avidez para devorar os edificantes banquetes do trabalho. A acertada ambição para chamar a si os raros tesouros da igualdade.

Era, afinal, forte, pensou. Nem demasiado menina, nem demasiado mulher. Apenas demasiado gente.

Etiquetas: António GinjaViver
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