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Home Opinião

Ode ao esquecimento

Helena Rafael, assessora de imprensa por Helena Rafael, assessora de imprensa
Julho 16, 2020
em Opinião
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Tempo – o tempo vivido, o tempo esquecido, o tempo partilhado. Que marcas nos inflige o tempo – pó e desintegração? As minhas recordações ajudam-me a viver no presente, e quero que elas sobrevivam. Sou uma prisioneira das minhas emoções. Uma pessoa tem de contar a sua história e esquecer a sua história. Esquecer e perdoar. É libertador. Louise Bourgeois

Louise Bourgeois (1911-2010), uma das artistas plásticas franco-americanas mais emblemáticas do século XX, conhecida pelas suas esculturas de aranhas gigantes, produziu, já no final da sua prolífica carreira, uma obra intitulada Ode a l’obli (Ode ao Esquecimento), um livro artesanal composto de fragmentos de tecidos usados e recosidos e ainda de algumas frases, sendo a mais conhecida I had a flashback of something that never existed.

Em meados de 1990, Louise pede ao seu assistente Jerry Gorovoy para reunir as roupas, tecidos e peças de enxoval que guardava desde os anos 20, de modo a poder cortá-los, rasgá-los, privá-los da sua forma e uso originais reintegrando-os numa espécie de diário de memórias íntimas metamorfoseadas em cores, texturas e camadas que sintetizam os temas que atravessam toda a sua obra – o corpo, a memória, a intimidade, a feminilidade, a traição, a destruição e a reparação.

Descendente de uma família que se ocupava do restauro de tapeçarias antigas, Louise começou ainda em criança a ajudar os pais no negócio familiar, recuperando os desenhos das tapeçarias sumidos pelo tempo e pelo uso.

Filha de uma mãe protectora e resiliente e de um pai exuberante e mulherengo, Louise foi desde muito cedo confrontada com a existência das amantes do pai – uma delas governanta na sua própria casa e por quem Louise nutria um grande afecto –, e com a resignação e o silêncio abnegado da mãe, que lhe pedia que vigiasse o pai, circunstância que marcaria para sempre a sua vida e obra.

Seduzida pela promessa da ordem que não encontrava em casa, o que se agrava após a morte prematura da mãe, Louise opta por estudar matemática mas depressa percebe que é na expressão artística que se descobre.

“O corpo é a escultura, a escultura sou eu”, confessará, optando por estudar artes e por se dedicar à escultura.

Apesar do seu extenso trabalho como escultora, Louise nunca se afastou da técnica têxtil integrando-a nas suas obras como uma espécie de ligação renovada ao seu passado.

Para ela a agulha era um instrumento mágico destinado a consertar estragos, uma espécie de “pedido de desculpa”, um fio que permitia a continuação da história, mas dominada por ela.

Ao rasgar e reconfigurar os restos de tecidos que compõem a sua Ode a l’obli, em que chega a utilizar as toalhas de mão do seu enxoval de casamento com as suas iniciais e do futuro marido bordadas, Bourgeois destrói, reorganiza e sutura a memória eventualmente fictícia dos seus traumas, um flashback de algo que nunca existiu como na frase que borda, processo em que se aprofunda e liberta.

E assim, ao voltar a passajar os pedaços que separou, conferindo um novo poder simbólico às suas obras, Louise expõe o trauma dando às memórias uma segunda vida e prolongando o seu poder criador num eterno recomeço.

Talvez seja a ideia de reinício depois da desfragmentação da memória aquela que mais me interessa em toda a obra de Louise Bourgeois e nesta em particular.

Etiquetas: Helena Rafaelopinião
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