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Declínio

António Ginja, arqueólogo e historiador da arte por António Ginja, arqueólogo e historiador da arte
Julho 9, 2020
em Opinião
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Uma noite deu por si sozinho, sentado às escuras no chão da sua sala vazia.

Sentia os membros dormentes e a cabeça pesada, como se a insónia lhe tivesse finalmente dominado todo o corpo. Temia qualquer coisa vaga e indefinida. Grossas gotas de suor deslizavam-lhe pelas precoces rugas da testa. Pequenas golfadas de ar enchiam-lhe com dificuldade os pulmões oprimidos. Tinha medo, sem que percebesse exactamente de quê. O coração cavalgava com estrondo, estalando no peito, nas carótidas, nas têmporas.

Perscrutou a escuridão em busca de uma silhueta familiar, mas tudo dentro da sua própria casa lhe era desconhecido. Quis lembrar-se, teria alguma vez sido feliz? Sempre fora o melhor aluno, o melhor filho, o melhor marido. Todos pensavam conhecer a beleza das suas manhãs, que banhadas de sol lhe invadiam de luz a janela e a vida. Acreditavam que mal abria os olhos, se enchia de amor com o sorriso da pessoa amada. Calculavam a sua felicidade, quando ao acordar escutava ao longe o riso alegre dos miúdos.

Ricardo Graça

 

Agora, no auge da sua existência, não sentia beleza, amor ou felicidade. Sabia que ficara sempre uns passos aquém da excelência. Que nunca subira acima da mediocridade. Que vivia entalado entre o que queria ser e o que não conseguia alcançar, sempre lamentando o passado, nunca agarrando o presente. Um invólucro inútil, que largado ao vento deambulava aturdido, sem origem nem destino.

Sondou o silêncio procurando algum som conhecido, mas naquela casa que lhe era agora tão estranha nada se escutava, nada existia. Apenas o medo sobrava, preenchendo através das veias todos os recantos do seu corpo. Todas as células, órgãos e sistemas, todos os fluídos e membranas, tudo o medo dominava. Medo do fracasso, da perda, da desilusão.

Ergueu-se e caminhou até à varanda. O ar estava parado e o céu carregado de estrelas. Recordou a falésia da praia onde nadava. Que livre era o mar.

O ritmo cardíaco acalmou. O mundo abrandou e estancou.

O seu olhar prendeu-se no longínquo asfalto junto ao sopé do prédio. Quis contemplar o momento, mas foi a morte que o contemplou.

Teria altura suficiente?

Etiquetas: António Ginjaopinião
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