No mais recente registo de estúdio do quinteto liderado por Pedro Nobre escuta-se o mar. Living Tides é o primeiro álbum em cinco anos do músico natural da Marinha Grande, que agora se apresenta inspirado por memórias de momentos atlânticos, vividos, sobretudo, na praia de São Pedro de Moel.
A estreia dos novos temas ao vivo acontece no sábado, em Leiria, a fechar o sétimo festival OJL Jazz Sessions.
Para este disco, gravado com Demian Cabaud (contrabaixo), Nuno Costa (guitarra) e Pedro Felgar (bateria), o pianista Pedro Nobre recorreu a um novo saxofonista, o norte-americano John O’Gallagher, que considera uma “referência internacional” – “O’Gallagher é um compositor exploratório, mas com um claro traço melódico”, lê-se numa crítica publicada em 2006 pelo jornal New York Times.
Além do currículo que permite “abrir o espectro” e levar “um bocadinho mais longe” a música de Pedro Nobre, a participação de John O’Gallagher traz um sax alto para a formação, ou seja, novos estados de espírito para o álbum “ligado à força do mar”, onde se descobrem faixas como “Shorebreak”, “Espuma dos Dias” ou “Flat”.
“Um tenor é um gentleman; um alto é um adulto com muita garra, com muita energia”, comenta Pedro Nobre, que realça o carácter internacional do quinteto, em que colabora o argentino Demian Cabaud, além de John O’Gallagher. “São bons trunfos para credibilizar o meu trabalho e acho que ganho alguma legitimidade para querer sair do meu cantinho”.
Radicado em Lisboa, onde dá aulas no Hot Clube de Portugal e integra a orquestra da instituição, Pedro Nobre é um dos fundadores da Orquestra Jazz de Leiria e tem trabalhado também como freelancer em estúdio e ao vivo.
O concerto de sábado, 16 de Julho, realiza-se no Teatro Miguel Franco, pelas 21:30 horas.
Este ano, o festival OJL Sessions, organizado pela Associação Jazz de Leiria com o apoio do município, oferece também a oportunidade de assistir ao especdo septeto do guitarrista Nuno Costa, que vai a palco na sexta-feira, 15 de Julho, à mesma hora e na mesma sala, para apresentar Cenas de Uma Vida no Bosque, editado pela Ar Líquido, o sexto disco do guitarrista enquanto líder, desenvolvido durante a investigação para a tese de doutoramento intitulada A Guitarra Jazz em Portugal (1940-1990). Deverá fazer-se acompanhar por Rita Maria (voz), Luís Cunha (trompete), César Cardoso (saxofones), Óscar Graça (piano), André Rosinha (contrabaixo) e André Sousa Machado (bateria).
Do programa do festival, que se iniciou na segunda com uma acção didáctica para o público escolar e incluiu um workshop de big band, constam ainda duas jam sessions, sexta e sábado, na Taberna da Praça, ambas com início às 23 horas.
Segundo César Cardoso, um dos organizadores do OJL Jazz Sessions, o evento tem tido o efeito “de chamar muito mais jovens” para o jazz – o público “tem aumentado” e há “vários casos de músicos que começaram nos workshops”, que atraem sempre “muita gente de outras cidades”.
Para crescer, o festival necessita, obrigatoriamente, de um orçamento maior. “O município tem apoiado, não me posso queixar, mas é um apoio pequeno e nós gostaríamos de ter um festival grande, com nomes internacionais”, adianta César Cardoso. Outro objectivo da Associação Jazz de Leiria passa por “criar uma rotina mensal de concertos” ao longo do ano.