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Asfixia

António Ginja, arqueólogo e historiador da arte por António Ginja, arqueólogo e historiador da arte
Junho 11, 2020
em Opinião
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Era tão pequenina que passava por entre os pingos da chuva. Franzina e delicada, colhia dos outros pouca ou nenhuma atenção, como se a sua fosse uma natureza imperceptível, sem peso que a ancorasse ao mundo ou leveza que a elevasse aos céus.

Mas sonhava todo o dia. Não pesava mais do que uma pluma, mas sonhando era como uma pluma que lançada ao vento vagasse pela vida, jorrando da sua pequenez todos os sentimentos que dotam os povos da sua humanidade.

E que sonhos eram os seus. Colossais como montanhas, edificavam muralhas gigantescas, cobertas de pérolas e de conchas coloridas. Milhares de torres erguiam- se muito altas e douradas, de onde querubins atrevidos atiravam pétalas perfumadas e melodias de amor. O firmamento enchia-se de luzes quentes e de sons encantados, tão intensos quanto efémeros, que morriam junto às almas como suaves ondas tropicais, para ruborescer as faces mais frágeis e cobrir de lágrimas os rostos mais empedernidos. Essas comoções poderosas lançavam então na terra as suas robustas raízes e logo brotavam numa infinitude de tenros rebentos incandescentes, que rompiam a longa escuridão da noite, para encher os dias de brilho e os corações dos homens de toda a sorte de emoções.

Ricardo Graça

 

Um dia, andava ela sonhando a liberdade quando tropeçou na ignorância e caiu ao chão. Prontamente saltaram sobre ela os carrascos da recessão, que movidos pela fúria da poupança lhe prenderam os membros, imobilizando o seu pequeno corpo até aos limites da resistência.

Manietada sob aquele impiedoso peso, implorou que a libertassem. Mas já um algoz se lançava ao seu frágil pescoço, constringindo-lhe a traqueia, estreitando-lhe a respiração. Sufocando, chorou e gemeu. Chamou baixinho pela sua mãe, como se a derradeira esperança do mundo pudesse lactar dos seios da maternidade.

Faltava-lhe o ar. Definhava. Sem apelo nem recurso, morria. Num último fôlego, as palavras finais. “Não consigo respirar”, murmurou.

Enfim, calou-se.

Abateu-se sobre o mundo o mais denso silêncio. A luz esmoreceu, levando consigo toda a claridade e todas as cores. Não havia mais calor ou emoções. Era o eterno reino cinzento da penumbra e da apatia.

A cultura estava morta e a humanidade não mais sonhou.

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