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Home Opinião

A cadeira de Glenn Gould

Helena Rafael, assessora de imprensa por Helena Rafael, assessora de imprensa
Maio 7, 2020
em Opinião
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«Logo que se sentava ao piano ficava como que mergulhado em si mesmo (…) se o olhássemos mais de perto parecia um aleijado, mas a uma observação ainda mais atenta surgia-nos então o belo homem inteligente que sempre havia sido (…) dobrou-se sobre si mesmo e começou a tocar. Tocava como que de baixo para cima, e não, como todos os outros, de cima para baixo. (…) para deixar que a exaustão fosse morrendo num derradeiro som. (…) Era esse o seu segredo.»
 Thomas Bernhard, O Náufrago, Relógio d’Água, 2015

Num breve filme que pode ser visto no Youtube – Glenn Gould discusses his chair -, o virtuoso pianista canadiano prematuramente desaparecido aos 50 anos, e conhecido como a mais perfeita reencarnação de J. S. Bach, chega a um estúdio acompanhado de um objecto com o qual se aproxima do piano.

É uma pequena cadeira de madeira de altura ajustável e em evidente estado de degradação.

Confrontado com espanto pelo interlocutor com a pergunta «Que coisa é essa que traz consigo?», Gould, melindrado, vocifera «Como assim uma coisa?! Por favor não desrespeite um membro da minha família. É a minha mais fiel companheira de viagem sem a qual não consigo tocar. Nunca dei nenhum concerto sem ela. Tem sido uma companhia tão ou mais íntima na minha vida do que a de J. S. Bach.»

Construída pelo pai quando tinha apenas 10 anos, a cadeira de Glenn Gould acompanhá-lo-ia pelo resto da vida em todos os concertos e gravações.

Posicionando-o uns centímetros abaixo do teclado, a pequena cadeira de madeira ditar-lhe-ia o estilo de execução e tornar-se-ia no artefacto indutor de uma tríade de sonho que marcaria para sempre a história da música – Gould-piano-J. S. Bach.

Vê-lo tocar o seu insuperável Bach numa posição quase acrobática, de costas côncavas, em profunda osmose com o teclado, é uma dessas raras oportunidades de pressentir o mistério da tradução fiel da obra do criador, pelo seu intérprete.

Mas a cadeira de Gould é apenas uma das muitas idiossincrasias que distinguem o percurso de um pianista e de um pensador singular. Hipocondríaco, misantropo, polémico e genial, Gould tornou-se mundialmente conhecido pela famosa gravação, em 1955, do álbum com as 30 Variações Goldberg de Bach.

Um disco que alcançaria vendas inimagináveis no campo da música clássica e que imortalizou a sua interpretação. Gould surpreendia então, tal como ainda o faz hoje, pela energia, intensidade e alegria na interpretação das variações que Bach compusera para o insone Conde Kaiserling, no século XVIII, enriquecendo-as com o seu murmúrio controverso, mas irresistível que parece inscrever na partitura aquela nota de quem só ele conhece a ausência.

No auge da sua aclamação mundial, Glenn Gould abandona os palcos aos 33 anos e confina a sua genialidade aos estúdios onde encontra o local perfeito para o exercício dessa fusão intérprete-pianocompositor em permanente renovação.

Ouvir a sua última gravação das Variações Goldberg, efectuada em 1981, é descobrir um novo Bach metamorfoseado por um Gould mais lento e reflectido, que morre um ano depois na sequência de um AVC.

Para Gould a ideia de felicidade era poder passar 250 dias por ano sozinho com um piano num estúdio de gravação.

Uma quarentena a ouvi-lo não foi suficiente para descobrir qual das duas versões das Variações Goldberg me arrebata mais.

Etiquetas: Helena Rafaelopinião
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