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O viajante sedentário

João Bonifácio Serra, professor coordenador jubilado do Politécnico de Leiria por João Bonifácio Serra, professor coordenador jubilado do Politécnico de Leiria
Março 6, 2020
em Opinião
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Na época em que a educação das elites culminava numa grande viagem que incluía o contacto obrigatório com vestígios da antiguidade clássica, Xavier de Maistre propôs-se viajar sem sair do seu quarto.

Viagem à Volta do Meu Quarto, editada em 1795, ilustra uma viagem efectuada com meios bem menos dispendiosos.

Os recursos exigidos são a reflexão e a memória. No seu quarto (temporariamente convertido em cela – diz-se que o autor escreveu esta obra quando cumpria uma pena de detenção domiciliária), Maistre observa objectos que lhe suscitam recordações e questiona percepções conservadas no seu arquivo mental.

A sua viagem é orientada por uma espécie de mapa suscitado pela imaginação. Sou dos que, desde a leitura de Salgari e Stevenson, se deixou seduzir pelos mapas.

Tornei-me, desde a primeira adolescência, um viajante do mundo guiado pelo desenho cartográfico. Esta observação não exige deslocação.

Aprendi a ser um viajante sedentário.

O mapa, assim usado, elide distâncias e rarefaz o tempo.

A cartografia começou por ser uma ciência dos senhores da terra e dos mercados.

Príncipes e reis atestavam nos mapas os territórios de que eram detentores.

Os homens de negócio, através deles, apontavam os entrepostos, as fontes de abastecimento aonde chegavam ou podiam chegar.

Os pilotos recorriam a outros meios para se orientarem quando “não viam mais enfim que mar e céu”: a estrelas, o regime de ventos, o astrolábio, a sua experiência e o seu instinto.

Pois bem, entretanto a cartografia aperfeiçoou-se, difundiu-se, “democratizou-se”.

Para mim, conservou a capacidade de sedução, o mistério, o apelo da descoberta. Afinal, nem tudo está lá: precisamos de inventar ruídos, cheiros, luzes e sombras; povoar de gente as cidades, escutar tristezas e celebrações, recriar histórias para os lugares com que nos deparamos.

O mapa é o ensejo para uma ficção primordial: situar-mo-nos no centro do mundo.

Quando a ciência e a filosofia conspiraram para a derrocada desse mito, eis que a procura através do mapa me devolve a centralidade perdida.

O mapa é, também por isso, um revelador da minha própria condição.

A viagem sedentária não acaba no ponto de chegada, mas no de partida, porque um sem o outro não são conformáveis. Lembra o meu amigo Paulo Miceli (autor de O Ponto Onde Estamos e O Desenho do Brasil no Teatro do Mundo) que um dos métodos aconselhados por Robert Burton no seu clássico Anatomia da Melancolia (1621) para combater esta “loucura sem febre e sem razão aparente” era observar mapas antigos.

Não estou preparado para testemunhar a eficácia desta terapêutica. Mas suspeito que outro teria sido o destino de Álvaro de Campos que Fernando Pessoa lamentou assim …

“Coitado do Álvaro de Campos! Tão isolado na vida! Tão deprimido nas sensações!

Coitado dele, enfiado na poltrona da sua melancolia!” … se, acaso, se se tivesse detido em …

“E o esplendor dos mapas, caminho abstracto para a imaginação concreta, Letras e riscos irregulares abrindo para a maravilha.”

Etiquetas: joão bonifácio serraopinião
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