No mês dos cuidados paliativos é urgente que este se torne um tema prioritário nas políticas de saúde.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a tornar-se obsoleto e completamente desadequado às reais necessidades da população em geral.
De facto, a evolução científica foi rápida e a epidemiologia das doenças modificou-se, drasticamente, com um predomínio atual das doenças crónicas, como as neoplasias e doenças cardiovasculares, em detrimento das doenças infeciosas.
A mudança de paradigma pressupõe que as pessoas, atualmente, associem a longevidade à qualidade de vida, vivendo mais anos, mas querendo viver bem nos anos que vivem.
É necessário responder com medidas incisivas e fortes, baseadas em evidências científicas, clínicas e de custo-efetividade, de forma a garantir uma correta implementação de cuidados paliativos.
Basta de tapar o sol com a peneira!
Neste âmbito, é importante recordar que os doentes que são beneficiários de medidas paliativas não têm, na maioria das vezes, as suas vontades de fim de vida a serem cumpridas e respeitadas, acabando por morrer em contexto hospitalar (quando o desejo declarado da maioria é despedir-se da vida em casa, junto de familiares e entes queridos).
Os cuidados paliativos domiciliários são, por isso, uma área demasiado importante para ser relegada para segundo plano.
A inércia do desenvolvimento dos cuidados paliativos em Portugal tem como base a ausência de financiamento e capacidade de organização dos recursos humanos.
É urgente criar condições de trabalho para os profissionais de saúde se dedicarem em exclusivo aos cuidados paliativos, nomeadamente médicos, enfermeiros, psicólogos, técnicos de assistência social, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e assistentes espirituais.
O nosso distrito é, infelizmente, o lanterna vermelha em matéria de cuidados paliativos. A falta de camas e de equipas para a prestação de cuidados domiciliários deve ser uma prioridade do próximo governo. Foi tornado público que um dos responsáveis no próximo governo pela área da saúde é do distrito de Leiria.
Faço votos para que isso permita ajudar a resolver vários dos problemas crónicos que o setor enfrenta, com especial gravidade no nosso distrito.
*Deputada do PSD
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990