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Home Opinião

O equívoco

Helena Rafael, assessora de imprensa por Helena Rafael, assessora de imprensa
Setembro 5, 2019
em Opinião
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O equívoco
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e·quí·vo·co (latim aequivocus)
substantivo masculino
1. Interpretação errada de algo.
2. Engano não propositado.
3 . Mal-entendido.

adjectivo
1. Que parece não estar empregado no sentido
que aparenta. = duvidoso
2. Suspeito.
3 . De que se deve desconfiar.
4. Ambíguo.

"equivoco", in Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa

Entrava todos os dias na igreja do bairro.
Sentava-se na última fila de bancos
junto ao canto mais anónimo e não
rezava. Ficava por muito tempo a olhar
para o tecto austero que lembrava um céu
ateu.

Saía pouco antes das portas se fecharem e
descia a rua como se não tivesse um lugar
aonde regressar.

Abordei-a num desses dias à saída da igreja. A
palidez ainda mais acentuada da pele parecia
naquele fim de tarde denunciar mal-estar ou
mesmo doença, levando-me a perguntar-lhe se
precisava de ajuda.

Respondeu num tom quase imperceptível que
nada de mais se passava. Tinha perdido a voz e
a vontade de falar  [LER_MAIS] há alguns anos e desde
então a igreja era o único lugar onde não
necessitava de explicar a origem do seu
silêncio.

Aquele voltara a ser, contudo, depois de muito
tempo, um dia de novos regressos. Depois de
dez anos sem falar, a voz ouvia-se novamente
e a vontade de dizer retornara com ela.

Tinha abandonado inesperadamente o
mutismo, a defesa da metáfora e voltara a
conjugar na primeira pessoa do singular e,
desde então, não parava de tremer e de se
reencontrar com a memória de maus passados.

Com os olhos muito abertos e quase líquidos
confessou-me que era uma pessoa perigosa e
que já atentara muito e muitas vezes contra si e
que poder voltar a falar carregava em si mesmo
uma renovada ameaça. Pareceu-me muito só e
à beira de um estranho precipício. Mas insistiu
em prosseguir a descida da rua para o tal lugar
ao qual parecia não ter onde regressar.

Reencontreei-a muito tempo depois mais
magra e um pouco mais envelhecida. Esteve
muitos meses sem entrar na igreja.

Durante esse tempo não voltou a deixar de
falar mas ganhara experiência em equívocos.
Perguntou-me então, ao reconhecer-me e sem
dirigir o olhar para o tecto que lembrava um
céu ateu, se podia ensiná-la a rezar.

*Assessora de imprensa

Etiquetas: Helena Rafaelopinião
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