– Já não há paciência… para a falta de competência, os meus gatos a correr pela casa a meio da noite, reuniões que podiam ter sido por zoom, o carro da limpeza de ruas a passar à minha janela demasiado cedo.
– Detesto… carapaus, mas como. Atrasos, pessoas atrasadas que não telefonam a avisar. Quanto a cultura vale no Orçamento de Estado. Coisas feitas em cima do joelho quando havia tempo.
– A ideia… é um organismo vivo. Aliada à Vontade, podem-se tornar imparáveis.
– Questiono-me se… termos de ser simpáticos para toda a gente o tempo todo não será abusar da nossa boa vontade.
– Adoro… as minhas filhas a dormir encostadas a mim, dias despreocupados com amigos e família. Partir em viagem e regressar a casa. Fazer um bom trabalho.
– Lembro-me tantas vezes… dos meus avós e dos meus padrinhos que até parece que ainda estão deste lado comigo. Tenho muitas memórias guardadas, e elas assaltam-me os pensamentos, muito vívidas e com muita frequência.
– Desejo secretamente… o Amor. Aquele amor universal que nos liga a todos, que nos faz amar até a quem nos irrita. Ter uma carrinha transformada para viajar com a família.
– Tenho saudades… de passar semanas em Vila Nova de Gaia e no Porto de onde sou originário. Encenar teatro juvenil. Acordar de manhã e ainda estar a dar o Engenheiro Sousa Veloso na televisão. Dos que tiveram de emigrar nos últimos anos.
– O medo que tive… quando ia morrendo afogado na praia aos 14 anos. Também me assustei quando a mota emprestada por um amigo levantou a roda e eu que já ia demasiado depressa para andar só com uma roda no chão.
– Sinto vergonha alheia… e fico a tapar os olhos e a cara e os ouvidos se for o caso. Não sou apreciador da vergonha alheia, nem da minha.
– O futuro… há um pedaço de texto cuspido pelo Zé Mário Branco no seu poema “FMI” de que eu me lembro sempre que ouço esta expressão “o futuro”, está lá para o meio da música. A música completa vale a pena ouvir, no mínimo 6 vezes por ano, aos berros.
– Se eu encontrar… aviso-te, a ti e a todos os que quiserem, podem confiar em mim. E dou-lhe um abraço, porque sou de abraços.
– Prometo… prometer apenas o que consigo cumprir. Como pai, como companheiro, como profissional, como pessoa. Uma das lições que aprendi.
– Tenho orgulho… e sinto-me privilegiado que o meu trajeto até aos dias de hoje ter sido recheado de seres humanos maravilhosos, únicos e especiais. Desde os meus pais até aos amigos próximos ou agora distantes. Das minhas filhas.