Recentemente, foi anunciada a disponibilização de dois mil milhões de investimento estrangeiro. Nesse mesmo momento foi igualmente transmitida a informação de que este investimento não se ficará por aqui.
E a região de Leiria? Foi contemplada? Pelo que se conhece, não! Provavelmente ficou esquecida em detrimento de alguma privilegiada Área Metropolitana…! Será no futuro, numa próxima vez? Fica a interrogação…
Trata-se de grandes projectos de investimento, promotores do desenvolvimento e crescimento das regiões onde se localizam, através da criação de postos de trabalho, de conhecimento e de recursos humanos qualificados, novas tecnologias, entre outras mais valias.
Porque este é um tipo de investimento que tem efeitos muito significativos e vantagens na economia local, esta região tem que ser reconhecida como localização de interesse e passar a ser contemplada com estes grandes projectos de Investimento Directo Estrangeiro (IDE), que devem ser complementares e convergentes nos interesses, vocação e propósitos do tecido empresarial local.
Há fortes razões para que esta região seja escolhida e que são bem conhecidas. Destaco o seu posicionamento estratégico no país, através da sua centralidade, excelentes acessibilidades e infra-estruturas, a sua qualidade de vida e os bons indicadores económicos.
É relevante a forte ligação e sinergias entre o tecido empresarial local, cada vez mais dinâmico e empreendedor, a Nerlei, elo profícuo no trabalho de apoio, formação, consolidação e abertura a novos mercados, o ensino superior do Politécnico, com o seu redobrado empenho, articulação e valor que acrescenta na qualificação dos recursos humanos ao dispor das empresas.
E não menos significativo é o interesse manifestado e efectivo de muitas das autarquias ao investirem no alargamento das actuais zonas industriais e na criação de novas áreas empresariais.
São razões evidentes e mais que suficientes, pelo que não são estranhas nem inesperadas, as referências elogiosas que diversas entidades [LER_MAIS] e responsáveis têm endereçado a esta região pela posição de destaque que ocupa no panorama empresarial a nível nacional.
Não deixa de ser justo este reconhecimento, mas este esforço deve ser recompensado e ter consequências para esta região e isso não tem acontecido. Leiria merece esta captação de Investimento Directo Estrangeiro e que lhe sejam dadas as condições necessárias para que seja possível a fixação destes grandes projectos empresariais.
Para além disso, deverão ser corrigidas as assimetrias existentes para outras regiões, privilegiando, por exemplo, o investimento na ferrovia, com a eletrificação e modernização da linha do Oeste, com a definição clara e sem tibiezas da sua programação no terreno.
Assim como a decisão (que tarda) sobre a abertura da BA5 de Monte Real à aviação civil, sabendo-se há muito da constituição de um grupo de trabalho com o compromisso de rapidamente se pronunciar, o que ainda não fez.
O IDE pode contribuir para desenvolver esta região a médio e longo prazo e a implementação de projectos estruturantes que só dependem da vontade de assumir as medidas e as escolhas necessárias para a sua concretização.
Este é um debate dos nossos dias que é necessário promover, uma ocasião para compreender a dimensão do que se encontra em causa e reflectir sobre que modelo de região devemos projectar para o futuro, com visão e definição de objectivos estratégicos e das principais linhas de actuação.
Este é um bom momento de assumir essa ousadia e de nos focarmos no que deve ser a vocação e os propósitos futuros da Região de Leiria.
Médico