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Home Opinião

Devoção

Paulo José Costa, psicólogo clínico por Paulo José Costa, psicólogo clínico
Julho 18, 2019
em Opinião
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Devoção
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Há no Verão uma gramática distinta. E ler no corpo dessa época é uma equação singular, uma arte que nos convoca a decifrar a alquimia do pensamento.

O tempo largo, a brisa amena e a luz desanuviada, convidam ao desprendimento e à fuga das coisas rotineiras que nos embargam os sentidos. O corpo fica ávido de repousos. A alma incita ao mergulho na transparência dos horizontes. E o ritmo do estio abranda as ideias e os seus planos.

O Verão é o palco onde todos revivemos as lembranças da infância. As suas tardes sem término, impregnadas de aromas e paladares inconfessáveis. Aproveitar a atmosfera morna das tardes emergindo-nos nas páginas de um livro é sempre um vislumbre que nos apodera e coage à fruição.

O envio do olhar às minúcias dos vocábulos impressos em papel é um gesto merecido, prazer e folgo que se enreda ao universo em que nos recentramos. O acto livre de ler inscreve-nos num renovado espaço e tempo interiores, propondo usos imóveis ao corpo por via da imaginação.

Uma história, um conto ou um conjunto de poemas devolvem-nos o indispensável, pondo-nos em contacto com o essencial, levando-nos a reflectir que somos transformados num qualquer personagem, viandante de nós mesmos, convidando-nos a enfrentar a realidade “cara a cara”, re-descobrindo que jamais seremos felizes sozinhos e sem o legado da memória e das suas ramificações, assentes no presente e ancorados no futuro.

Será sempre suprema a capacidade de pensar o mundo que em nós habita por intermédio dos escritos que lemos nesse estado de  [LER_MAIS] aturdimento, ainda que as suas intermitências progridam para o desejo, como algo que configura a sobrevivência.

Na perduração do tempo que é mais extenso e duradouro no Verão, as sensações que eclodem da leitura são um braço assente na insistente busca da estabilidade, ainda que o mundo se revolva à passagem dos seus silêncios intangíveis.

O corpo fica sustido nos ínfimos esconderijos da liberdade. E o marulhar das páginas de um livro é o tanger do tempo infinito que se aloja no próprio tempo.

O apelo à vida como viagem interminável encontra-se num livro que é degustado na espuma salgada do Verão, por entre as sombras de uma árvore ou no dorso irregular de um areal.

Às vezes, pela noite dentro, há também um incitamento difuso que é vibração, antes de o sol nascer na contracapa de um livro que se começa e não conseguimos abandonar, tamanho é o pulsar dos mistérios que estimulam o encontro com um alimento que provém do prazer insubstituível de ler.

A leitura é um movimento simples que permite idealizar nos umbrais da consciência.

Como diria Fernando Pessoa, ler é uma “forma servil de sonhar”, um verdadeiro estado insone, por vezes sôfrego e sequioso, que “devotadamente” ousamos realizar, recostados em espaldares de sossego, habilmente temperados pelos aromas de um estio vagaroso.

*Psicólogo clínico

Etiquetas: opiniãoPaulo José Costa
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