Está no Mosteiro da Batalha uma pequena mas preciosa exposição que seria muita pena vocês perderem. Tem por título Os principados romenos no tempo da construção da Batalha e estará na Capela do Fundador até ao final de Outubro próximo.
Reúne algumas notáveis demonstrações das capacidades criativas, artísticas e de controlo absoluto sobre os materiais que os artesões do século XV atingiram – copos e potes, fivelas, selos, taças e mais coisas em argila ou metal construídas pelas mãos dos artistas romenos mergulhadas nos primores de pedra do Mosteiro .
Também por isso nos dá a ver, mais uma vez incansavelmente, como uma certa ideia “popular”, sombria, miserável e ignorante sobre o período histórico a que se chama Idade Média só vive, e sobrevive, na ignorância.
Nada mais. Por razões que ignoro, as peças não estão datadas, embora se saiba à partida, evidentemente, que datam do impreciso “tempo de construção” do monumento, e algumas delas para serem devidamente admiradas [LER_MAIS] requerem, praticamente, que nos ajoelhemos.
Mas, como podem facilmente concluir, nada disso retira nada ao prazer de ver cada um dos objectos ou ao seu enorme valor.
É bem verdade que me podem dizer que a arte medieval não vos interessa nada. É um mistério que me escapa mas aceito e por isso faço-vos outra proposta sem ir mais longe. No chamado Claustro Real, a meia centena de passos da nossa exposição portanto, está uma outra.
Volumes e interacções na História é uma mostra de arte contemporânea retirada do acervo da Fundação Bienal de Arte de Cerveira.
Traz ao Convento, até Setembro, cerca de duas dezenas de esculturas, todas a merecer um olhar atento, todas, cada uma a seu modo, potencialmente estimulantes de reflexões interessantes sobre produtos artísticos, fruições estéticas e interacções de leitura e interferências no real.
Talvez, se não quiser mesmo entrar, possa começar pela Pirâmide Imperfeita que o escultor Acácio de Carvalho construiu no exterior da porta que dá acesso ao Claustro ou pelo Carreteiros ó Alba, de Juan Coruxo, exposta junto à saída.
Artes e artistas, a 600 anos de distância, num diálogo fantástico, não é coisa para todos os dias.
Vão lá ver, se faz favor, se tenho ou não razão.
*Dramaturgo