Hoje falamos de Leiria enquanto região de excelência. Um concelho competitivo com uma capacidade de atractividade invejável.
Leiria dispõe de um conjunto de factores que no seu conjunto lhe conferem um enorme potencial. O empreendedorismo, o empenho, a garra das pessoas, a sua localização geoestratégica privilegiada e a rede de infra-estruturas, a diversidade da sua história, património e recursos naturais, o dinamismo do sector empresarial e a quantidade de recursos humanos qualificados são, entre outras, algumas das características que fazem desta uma região única.
Dir-se-ia que estamos satisfeitos!
Mas se não podemos deixar de registar, até como incentivo, o progresso que a autarquia observou no seu desempenho, devemos ter consciência de que é necessário prosseguir o esforço que até aqui tem vindo a ser desenvolvido para aumentar a satisfação e confiança dos seus cidadãos, devemos ter a legitima ambição de querer mais e melhor, sendo necessário que se criem condições para colmatar as carências e as insuficiências que ainda naturalmente subsistem.
Mas para que isto aconteça é necessário financiamento e investimento público em Leiria. Arrastam-se no tempo a resolução de questões estruturantes ao seu desenvolvimento, como seja a adiada abertura da aviação civil em Monte Real, a despoluição do rio Lis e a estação de tratamento de efluentes suinícolas, o edificado da administração central abandonado a deteriorar-se sem usufruto da autarquia, as instalações há muito desadequadas aos serviços, como o quartel da GNR, o Instituto de Emprego e Formação Profissional, entre outros, sem deixar de referir o novo Palácio da Justiça, prometido para os terrenos da Prisão Escola, os quais, assim parece, serão destinados a outro fim.
Um exemplo paradigmático recente, por ter sido reconhecidamente distinguida no dia do município pelo seu inestimável contributo para a história educativa leiriense, é o da Escola D. Dinis que, ao assinalar 50 anos da sua criação, ainda continua a funcionar em pavilhões desadequados às necessidades atuais.
Na sua intervenção nessa cerimónia, [LER_MAIS] Raul Castro, presidente da autarquia, sendo igualmente presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, o que não podemos ignorar, fez, mais uma vez, um significativo discurso, ousado mas igualmente estratégico, tocando com o dedo na ferida, ao criticar publicamente a falta de investimento público em Leiria, apelando a que é tempo de darmos as mãos por Leiria.
Estranhamente quando se devia aproveitar a energia e o entusiasmo manifestado e ganharmos um novo balanço para o envolvimento de todos, este importante alerta não estimulou a que outros lhe dessem continuidade, com igual ousadia para valorizar os contributos de todos aqueles dispostos a sair da sua zona de conforto.
O que se constituiria num fundamental apoio à autarquia e aos interesses colectivos de Leiria.
Este é o tempo, por via dos compromissos e desafios que brevemente se aproximam, para reflectir e debater sobre a forma como devem ser sustentadas e materializadas as pretensões de Leiria e se são ou não acomodadas, constituindo-se em mais uma oportunidade perdida se tal não acontecer.
São compreensíveis as dificuldades da governação, sendo reconhecido que este quadro político de grande exigência obriga todos à concentração de esforços.
Os cidadãos de Leiria não querem, não podem, nem devem ficar alheios ao esforço que é feito a nível nacional. Mas têm a expectativa de que os políticos devem atender às especificidades próprias de cada concelho, agindo em conformidade com o seu percurso e com os seus resultados.
Nesta missão de responder às insuficiências e desafios que se colocam nas mais diversas áreas de interesse concelhio, nomeadamente económico, social, educação, cultura, saúde, ambiente, entre outros, e que ultrapassam a capacidade da autarquia, é preciso contar com financiamento e maior investimento público por parte do Estado. Em tempos difíceis, a equidade e a justiça são valores que assumem uma importância crucial.
É isso que Leiria espera que aconteça.
*Médico