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Home Opinião

A casa

Paulo Kellerman, escritor por Paulo Kellerman, escritor
Maio 16, 2019
em Opinião
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A casa
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Chegava todos os sábados de manhã pouco depois da livraria abrir. Deambulava entre os móveis num caminhar lento, pegava num livro ao acaso e abria-o, lia algumas frases, pousava, pegava noutro.

Fazia coisas peculiares como passear o dedo pelas capas ou cheirar as páginas; como se namorasse os livros e para os conhecer verdadeiramente precisasse de os tocar com todos os sentidos.

Por fim, optava por um e levava-o consigo. Sentava-se na cafetaria, pedia um café e começava a ler. E era como se o livro se apoderasse dela, controlando-a. O seu corpo transformava-se num reflexo do que lia, as suas expressões revelavam o que as palavras lhe transmitiam. Vivia o que lia, convertendo as palavras em expressão, em gesto, em respiração.

Havia pessoas por ali que a espreitavam, talvez curiosas, talvez fascinadas; tentavam ler no seu rosto o que poderia estar escondido no livro, como se esse rosto fosse uma janela para um mundo misterioso. (Ou um espelho?)

Quem a olhava percebia que, para aquela mulher, ler era uma forma de viver. Como se cada livro fosse um catálogo de possibilidades, um arquivo de emoções e pensamentos onde mergulhava para, momentaneamente, ser e sentir e pensar e sonhar diferente; não para fugir ao mundo mas para se reencontrar a si própria de modos alternativos, para descobrir em si novos caminhos, novos sonhos, novas liberdades.

Como se cada livro fosse uma casa: simultaneamente um  [LER_MAIS] refúgio e um espaço potenciador de novas possibilidades, de novos encontros, de novos voos.

Vivia os livros, e o seu rosto espelhava essa vivência; era por isso que a observavam. Porque ela não excluía ninguém da sua casa. Prosseguia a leitura até meio da manhã, altura em pousava o livro e pedia um pastel de nata.

Trocava sorrisos com quem calhasse, conversava com algum conhecido que por ali estivesse, ria alto. Depois, pagava o livro que estivera a ler e levava-o consigo; como se já fosse parte de si. Saía. E o lugar que ocupara permanecia vago durante algum tempo, ninguém saberia explicar porquê.

Talvez porque quem ficava sentia que, com a sua presença, ela deixara um pouco de si na livraria. Como se ainda ali estivesse.

*Escritor
(Texto oferecido aos leitores da Livraria Arquivo no dia 23 de Abril de 2019, assinalando o Dia Mundial do Livro)

Etiquetas: opiniãoPaulo Kellerman
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