É muito bom que as preocupações ambientais ocupem um lugar de relevo em algumas sociedades e que algumas das suas múltiplas facetas se possam já considerar suficientemente prementes para ambicionar conciliar respostas articuladas e (quase) consensuais a um nível muito alargado.
É assim com a aceleração da curva de aquecimento global e o consumo de combustíveis fósseis, é assim com o plástico e é assim, crescentemente, com a água potável ou, muito menos, o desequilíbrio ou a falência dos ecossistemas terrestres e aquáticos a uma escala assustadora.
Porém a qualidade do ar tem estado e continua a estar muito longe do centro destas preocupações.
Há uns dias um amigo chamou-me a atenção para um artigo acabado de publicar no European Heart Journal onde se estima em 8.8 milhões de mortes prematuras causadas anualmente pela poluição atmosférica em todo o Mundo.
Li, pouco depois, parte de uma investigação levada a cabo pela Faculty of Life Sciences & Medicine do King’s College, chama-se The Exhale (Exploration of Health and Lungs in the Environment) e estudou o volume pulmonar de crianças londrinas entre os 8 e os 9 anos em mais de 25 escolas.
Os resultados obtidos até agora (o estudo continua) são terríveis: exposição a níveis de tráfego muito elevados reduz a capacidade pulmonar. No caso entre 5% e 10%.
Estes resultados, [LER_MAIS] leio no The Guardian de 17 de Março, são semelhantes aos obtidos noutros estudos levados a cabo um pouco por todo o mundo. E um pouco por todo o mundo começam a surgir pequenos movimentos de defesa da qualidade do ar com propostas concretas para minimizar o problema.
Mums for Lungs é um destes minúsculos grupos que não se limitam a ver as coisas acontecer. Nasceu em 2017 em Inglaterra pela mão de uma jovem mãe e meia dúzia de amigos e bate-se por um conjunto de ideias a replicar em todo o Reino e que começa a conquistar a cada dia mais terreno: a Ultra Low Emission Zone que começa a vigorar a 8 de Abril em Londres; substituir os autocarros a gasóleo por veículos híbridos ou eléctricos, melhorar e alargar sempre que possível os passeios pedestres e as vias para veículos sem motor.
Tudo o contrário de mais parques de estacionamento no coração das cidades. Desta vez mesmo por uma questão de saúde.
*Dramaturgo