Ao contrário do que o termo «globalização» possa sugerir, o comércio internacional de bens não é global, mas sim regional.
Cerca de 70% das exportações europeias de mercadorias são feitas entre países europeus. Metade das exportações da América do Norte realiza-se entre os próprios países da América do Norte, e o mesmo acontece no continente asiático.
Ou seja, 84% das exportações mundiais de mercadorias ocorrem num contexto de reduzida diversificação regional.
Exportações de Mercadorias (em % dólar)
Regiões |
1948 |
2014 |
América do Norte |
28,1 |
13,5 |
Ásia |
14,0 |
32,0 |
Europa |
35,1 |
36,8 |
América Central e do Sul |
11,3 |
3,8 |
África |
7,3 |
3,0 |
Médio Oriente |
2,0 |
7,0 |
Fonte: International Trade Statistics, 2015 (OMC)
Além da sua concentração regional, o comércio internacional tem revelado uma outra característica geoeconómica. Desde o fim da Segunda Guerra, a América do Norte (EUA) e a Ásia (China) têm invertido a sua importância relativa no comércio mundial.
Ou seja, o continente asiático tem conquistado quota de mercado aos norte-americanos, ao passo que a Europa mantém, ainda hoje, a mesma importância que tinha em 1948 (ver tabela).
Portanto, é no âmbito dessa envolvente contextual que as empresas fazem os seus negócios internacionais. Num mundo regionalizado e com o epicentro cada vez mais deslocado para o lado asiático do planeta.
Para uma pequena economia como a portuguesa, a expansão dos negócios exige a entrada em mercados externos. Mas é preciso que [LER_MAIS] a empresa tenha a noção do risco de que os negócios internacionais são cada vez mais complexos e competitivos.
E é nesse domínio que a Associação Ação para a Internacionalização (AAPI) se tem afirmado como agente promotor de negócios para as empresas da região e não só. De certo modo, a AAPI tem sido um hub de negócios internacionais, e com sede em Leiria.
Este ano, no próximo dia 26/2 a AAPI vai realizar a sua 3ª edição do Leiria Centro Exportador (LCE). Trata-se de um evento orientado para o tecido empresarial e que trará à cidade cerca de 50 países representados por 23 câmaras de comércio.
O LCE assenta em três pilares:
1) a promoção de oportunidades de negócios;
2) o B2B; e 3) uma conferência temática. Nesta 3ª edição, o tema central da conferência será a Cadeia de Valor Global (CVG).
A Cadeia de Valor foi um conceito definido por Michael Porter em 1985, indicando que uma empresa pode externalizar algumas das suas actividades (produção, logística, pós-venda…) de modo a tornar-se mais competitiva.
A rápida evolução das tecnologias digitais tem reduzido o custo de coordenação das operações de longa distância e, desse modo, tem causado uma acentuada fragmentação da produção à escala mundial – a CVG.
Por exemplo, os cerca de oito mil componentes de um veículo automóvel podem ser produzidos em várias regiões do mundo.
E Leiria é um território que participa desse processo.
É uma plataforma potenciadora de vantagens competitivas.
*Docente do IPLeiria