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Home Abertura

“O cansaço é a maior cicatriz que vai ficar”

Elisabete Cruz por Elisabete Cruz
Fevereiro 24, 2022
em Abertura
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“O cansaço é a maior cicatriz que vai ficar”
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“Foi um susto. Somos uma unidade diferenciada e a primeira a receber doentes Covid no hospital. Nos primeiros meses a palavra dominante foi o medo. Agora, é o cansaço”, afirma Emanuel Araújo. O coordenador da Unidade de Cuidados Agudos Polivalente do Hospital de Santo André, do Centro Hospitalar de Leiria, recorda que “ninguém queria entrar” na zona Covid e “quem achava que era mais vulnerável não contactava com doentes” que tivessem sido infectados com o SARS-CoV- 2. “Equipávamo-nos todos, parecia que estávamos a ver doentes com Ébola.”

À medida que se foi conhecendo melhor a pandemia, foi possível “descomplicar”. “Já vemos os doentes sem luvas, que é importante, e usa-se uma máscara de protecção FP2, uma touca e uma bata. O medo passou e não era só por nós, mas também de quem vivia connosco”, garante. Muitos profissionais já se infectaram e alguns até duas vezes. “Felizmente para todos correu bem. Agora, assistimos a outra coisa, que também é grave: substituímos o medo pelo cansaço”, alerta.

As situações vividas não foram fáceis para nenhum elemento da equipa. Emanuel Araújo considera que “o cansaço é a maior cicatriz que vai ficar”. Os profissionais “estão a ficar muito cansados desta situação”. “Falo de enfermeiros e auxiliares. A nossa equipa médica é baseada em colaboradores e temos conseguido manter uma escala mais ou menos estável, apesar de algumas falhas nomeadamente à noite, o que depois sobrecarrega os enfermeiros e auxiliares”, constata.

Emanuel Araújo exemplifica: “Temos cinco enfermeiros de manhã. Se estivessem todos a prestar cuidados, tínhamos os rácios adequados, mas sendo que um dos enfermeiros é coordenador e tendo doentes, é uma tarefa hercúlea.” Além disso, a unidade está dividida em dois espaços físicos diferentes. “Se houver uma emergência à noite nas urgências só estão aqui dois enfermeiros. Não pode sair ninguém para ajudar”.

Durante os picos da pandemia, a UCAP chegou a ficar totalmente ocupada com doentes Covid, incluindo de cuidados intensivos. “Foi como se tivessem passado a unidade intensiva cá para baixo”, afirma. Cerca de um ano e meio depois já “não tem nada a ver”.

“Neste momento, temos oito camas para doentes Covid e 12 camas para não Covid”, revela o especialista, ao informar que a UCAP é “responsável pelos AVC, que fazem tratamentos de trombólise e trombectomia” no hospital de Coimbra e que são transferidos para Leiria.

“Também temos de pensar nesses doentes”, salienta. Os próprios doentes Covid mudaram. “Se até a meio do ano passado eram doentes com pneumonia por SARS-CoV-2 pura, agora já temos utentes que vêm fazer uma cirurgia e testam positivo. Também temos alguns doentes respiratórios, mais até notamos que são mais os não vacinados. Aqui temos poucos doentes vacinados graves”, revela.

Emanuel Araújo afirmar ter uma “memória selectiva”, talvez “como mecanismo de defesa” e não fixou casos que lhe tenham passado pelas mãos, mas deixa escapar que “alguns doentes jovens” o marcaram e foram os que mais lhes custavam. Além disso, diz, a “morte por Covid não é fácil, porque normalmente são doentes que estão muito conscientes, cuja única disfunção é a respiratória pulmonar”.

“Custa muito porque eles estão acordados e sabemos o que vai acontecer. Ao princípio podem ter um oxigénio no sangue muito baixo e até estão descontraídos e felizes. Têm uma falsa sensação de estarem bem, porque não se apercebem o que vai acontecer. Temos uma máquina a bufar ar para a cara até ao momento em que eles morrem. Isso é um bocado doloroso de ver e marcou-me”, recorda Emanuel Araújo.

O médico acredita que os doentes não morrem com dor nem com falta de ar, porque são medicados. “Para quem está de fora é que marca mais. E tivemos doentes de todas as idades nessas circunstâncias durante estes dois anos. Além dos mais novos, marcaram-nos também os mais velhos que tinham uma vida tranquila e feliz, com a família, perfeitamente independentes e autónomos, e que de um momento para o outro aconteceulhes isso.”

Emanuel Araújo faz questão de sublinhar que também há situações de sucesso. “Temos casos em que pensamos que já não vale a pena investir mais, porque as coisas vão correr mal, mas ainda os mandamos para os cuidados intensivos como último recurso. E saem daqui bem. Se não houvesse esses casos não valia a pena”, destaca. A UCAP é uma unidade de nível 2, para onde são encaminhados os doentes graves, mas ainda não tão críticos que necessitem de estar nos cuidados intensivos ou com tantas comorbilidades que nem são aceites no nível 3.

“Sabemos que são doentes com uma alta mortalidade, mas morreu-se muito mais de Covid. E esses doentes chegavam autónomos, saudáveis, por vezes um pouco obesos ou hipertensos, mas nada mais do que isso. Víamos a sua degradação e não estávamos à espera disso. Foi a primeira vez que contactámos com uma coisa assim”, reforça.

Falta de profissionais

A Unidade de Cuidados Agudos Polivalente cresceu e diferenciou-se durante a pandemia. “Fazem-se procedimentos que não se faziam antes. Os nossos doentes são mesmo verdadeiros nível 2. Já não estão aqui apenas para fazer uma ressonância, mas porque têm uma coisa grave que obriga a que estejamos sempre de olho neles”, constata Emanuel Araújo.

Sublinhando que os “doentes foram bem tratados”, o coordenador da UCAP acredita que há sempre melhorias a fazer e uma delas seria o aumento dos recursos humanos.

“Desde que comecei a trabalhar que não há uma semana em que não haja horas extra. E o mesmo sucede com os enfermeiros. Um médico na UCAP à noite para duas áreas distintas, com uma separação física, deixa -nos sempre uma angústia. Se houver uma emergência no lado Covid e outra no não Covid, não temos alternativa: temos de escolher um lado e chamar ajuda.”

Emanuel Araújo confessa que fazer as escalas de serviço é à partida um “stress”. “Basta faltar um médico e já vai desestabilizar. Significa ficar com noites em branco, o que significa que sofrem os enfermeiros, os doentes e os colegas que estão na medicina intensiva ou na urgência, que são chamados à UCAP para alguma emergência que possa acontecer.”

O especialista lamenta a falta de médicos de medicina interna, que queiram fazer urgência ou trabalharem em unidades. Há quem tire o curso de medicina e não tire a especialidade. Este ano, pela primeira vez em muitos anos, houve vagas de medicina interna que ficarem por preencher.”

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