“Sou totalmente contra a construção na encosta da Pederneira”, frisou Walter Chicharro, presidente do Município da Nazaré, na passada segunda-feira, em reunião de câmara, quando João Paulo Delgado partilhou a sua preocupação com o futuro do local, para onde está projectado um ascensor.
O projecto de cerca de cinco milhões de euros, que fará a ligação da Pederneira com a Praia da Nazaré, pode aumentar a apetência imobiliária pela encosta, receia o vereador da CDU,[LER_MAIS] que quer saber quais os mecanismos ao dispor da autarquia para classificar e proteger a zona.
Embora o topo da Pederneira tenha começado a acolher construção há largos anos, o presidente da autarquia sublinhou que nem ele nem a Agência Portuguesa do Ambiente são favoráveis à construção na encosta, que tem de ser “preservada”.
Sobre esta zona, João Paulo Delgado falou ainda da degradação do Caminho Real, que, tal como se apresenta hoje, “não é dignificante”.
Walter Chicharro realçou que, apesar de tudo, o Caminho Real já esteve em piores condições, sendo que o local está incluído nos projectos de mobilidade do município.
À margem da reunião, João Paulo Delgado explicou ao JORNAL DE LEIRIA que os munícipes reclamam da situação desta via, que, às primeiras chuvas, se enche de barro e dificulta a circulação do trânsito. E salienta que em causa está um troço com grande valor simbólico para a comunidade.
“O Caminho Real liga a Pederneira à EN-242, junto à Ponte da Barca, situando-se o troço classificado na zona mais a Sul, a qual apresenta grande qualidade paisagística”, nota a Direcção-Geral do Património Cultural.
Trata-se de um troço classificado como Sítio de Interesse Municipal, sendo possível remeter a origem do caminho “para uma data tão longínqua como o século XII” e por onde, mais tarde, viria a fazer-se o transporte de madeira do Pinhal de Leiria, para ser embarcado em direcção a Lisboa, salienta a mesma entidade.
Embora parcialmente coberto por alcatrão, encontram-se neste troço vestígios da antiga calçada de pedra, sublinha ainda.