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Home Sociedade

“Quase criaram um demónio sobre um miúdo que precisa de apoio”

Elisabete Cruz por Elisabete Cruz
Fevereiro 17, 2022
em Sociedade
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“Quase criaram um demónio sobre um miúdo que precisa de apoio”
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A detenção de um jovem de 18 anos, natural do concelho da Batalha, na quinta-feira, por suspeita de planear um acto terrorista na Faculdade de Ciências de Lisboa, suscitou reacções de especialistas em saúde mental, que advertem para a necessidade de um debate sério sobre esta problemática e para a existência de uma verdadeira literacia para a saúde mental. Os alertas visam incentivar quem precisa de ajuda a procurá-la e pôr fim a estigmas.

“Foi tudo muito mal orientado, até em termos de imprensa. Quase criaram um demónio sobre um miúdo que precisa de apoio. Temos é de reforçar o papel importantíssimo da saúde mental, tanto em termos da pedopsiquiatria, como da psicologia”, propõe Arlete Crisóstomo, pedopsiquiatra.

Susana Custódio, psicóloga e docente no Politécnico de Leiria, reforça que casos destes devem ser “alertas para a promoção da literacia em saúde mental” e até para se desenvolverem “medidas de prevenção, promoção e manutenção da saúde”. A psicóloga considera ser importante estar “atento a sinais de alerta”.

“Nomeadamente, a situação que vivemos, decorrente da pandemia, o confinamento e este isolamento social, terá, em alguns casos, exacerbado a vulnerabilidade psicológica das pessoas, com consequências a curto, médio e longo prazos. O impacto real da pandemia só o vamos conseguir ter daqui a algum tempo”, frisa.

Da aldeia para a capital

A viver desde criança na Lapa Furada, na freguesia de São Mamede, o detido, diagnosticado com a Perturba ção do Espectro do Autismo (PEA), trocou este ano lectivo a aldeia pela grande cidade de Lisboa, para estudar Engenharia Informática na Faculdade de Ciências. A entrada na universidade acarreta desafios para qualquer jovem, que enfrenta a exigência do ensino superior e, muitas vezes, a mudança de cidade, ficando longe da família e do seu porto seguro.

A ida para Lisboa, pode ter sido um “factor de risco” para um jovem, habituado à pacatez e apontado por familiares e vizinhos como “calmo e educado”, tendo em conta “o isolamento, o estar longe da família e numa grande cidade”, admite Arlete Crisóstomo.

Susana Custódio acrescenta que é “importante haver algum tipo de suporte e apoio que ajude a integração e a ser capaz de lidar com as diversas exigências com que vai sendo confrontado”, apontando ainda como perigo a “baixa integração social e a ausência de um sentido de pertença”.

Atendendo à importância de dar apoio a estes estudantes, que se aventuram numa nova etapa da sua vida, algumas universidades possuem gabinetes de psicologia, “que potenciam a adaptação ao ensino superior”. No entanto, muitos jovens não procuram essa ajuda, pelo estigma que ainda existe, afirma a docente.

“As pessoas podem sentir apenas um desconforto e percepcionar que algo não está bem consigo próprias e que está a pôr em causa o seu bem-estar e a sua funcionalidade nos diversos domínios. Mesmo quando já existe uma perturbação mental diagnosticada, muitos não gostam de falar sobre ela e até tendem a omitir, por todo esse estigma e pela discriminação. Ainda há muito a fazer ao nível da literacia em saúde mental”, frisa.

Habituada a conviver com jovens diariamente nas suas aulas na Escola Superior de Saúde de Leiria, Susana Custódio afirma que a sua percepção é de que, “cada vez mais, perante as adversidades e os desafios do dia-a-dia, os estudantes acabam por ter algumas dificuldades em gerir as situações, sendo fundamental a promoção de estratégias de competências pessoais e sociais.”

Segundo apurou o JORNAL DE LEIRIA, o jovem teve acompanhamento médico antes de ir para Lisboa. Desconhecendo-se se continuaria a ter consultas, Arlete Crisóstomo defende a importância de se avaliar as comorbilidades que alguém com PEA pode ter associadas.

“Quando têm obsessões, depressão, comportamentos obsessivo-compulsivos, como rituais, e, mais comum, ansiedade, é preciso serem vigiados e intervir quando necessário”, refere a especialista, que defende o trabalho de socialização e integração em actividades de grupo desde pequenos para lhes dar competências sociais ao longo da vida.

Família em sofrimento

“Eu imagino o sofrimento que esta família está a ter”, desabafou Arlete Crisóstomo que aconselha apoio a todos. “Esta família terá de ser apoiada emocionalmente. As famílias fazem o melhor que sabem e podem com os recursos que têm ao seu dispor. Quando confrontadas com uma notícia destas, poderá surgir um sentimento de questionamento: onde é que nós errámos. Como é que não nos apercebemos que algo não estava bem? A par disso, os julgamentos que possam ser feitos por parte da sociedade, podem contribuir para um peso ainda maior na própria família”, salienta Susana Custódio.

Depois de ser levado pela Polícia Judiciária, o jovem da Batalha foi presente a um juiz de instrução criminal, que lhe decretou a medida de coacção de prisão preventiva. O arguido acabou por ser transportado para o Hospital Prisional de Caxias.

Susana Custódio admite que o jovem “estará numa situação de um grande sofrimento psicológico”. “É fundamental compreender o que move alguém a planear ou a concretizar uma determinada acção, que ameaça a integridade das pessoas e da sua própria vida”, aconselha.

Constatando que quando surgem notícias de um possível atentado a tendência é a sociedade colocar-se no lugar das potenciais vítimas, e “essa empatia é fulcral”, a docente afirma não se deve esquecer a pessoa que cometeu ou pensou em cometer determinada acção, pois “precisará de apoio” e “esta compreensão” ajudará na intervenção com a pessoa e com a família.

Doença
Autismo não está ligado ao terrorismo
“Não é por ter uma perturbação mental que se é mais violento do que a população em geral”, afirma Susana Custódio, psicóloga, ao afirmar que a Perturbação do Espectro do Autismo não terá uma relação linear com o alegado atentado.
Arlete Crisóstomo, médica, acrescenta que estes jovens “têm um bom nível cognitivo”, mas depois “faltam-lhe os instrumentos emocionais para lidar com tudo o resto, como a integração com os pares”.
“Ser autista não significa absolutamente nada neste contexto. Temos miúdos com agressividade, com baixa auto-estima e não têm bagagem para lidar com a frustração. Muitas vezes, os miúdos que andam a dar facadas nos colegas não têm capacidade para lidar com as emoções a não ser de um modo agressivo. Tenho muitos jovens autistas que são a coisa mais doce que existe”, reforça a médica.
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