Nesta transição de ano era fácil e cómodo para mim proceder ao balanço do que findou ou comentar as previsões do que de mais importante se espera em 2019. Mas prefiro comentar a grande azáfama para a abertura de concursos na área das infraestruturas, com interesse não só para Lisboa mas também para o resto do país.
Não deixo, no entanto, de comparar o paralelismo de comportamento entre o actual ministro do Planeamento e Infraestruturas (Pedro Marques) e o seu antecessor homólogo do governo de A. Guterres. Lembram-se?
Então como agora, fartaram-se de “planear” e só acordaram para a realidade dos concursos e das obras no horizonte da proximidade de eleições legislativas, dando azo a que as pessoas desvalorizassem as iniciativas por razões óbvias. Mas até que enfim que lançaram mãos à obra.
Eu conheço grande parte das pessoas que integram o executivo da “geringonça” e também recordo a situação financeira deplorável em que receberam o país, que muito provavelmente não permitia lançar obras mais cedo, porque haveria outros objectivos de maior prioridade.
E eis que numa só semana, como se sabe, foram abertos concursos para a construção de 22 comboios novos; foi lançado definitivamente o aeroporto alternativo/complementar do Montijo e, em simultâneo, a expansão do aeroporto da Portela que, após concluída, dará acesso aos maiores aviões do mundo; por fim, foi lançada a expansão do metropolitano de Lisboa, que não via obras há mais de 15 anos.
Nenhuma destas obras, nem mesmo outras não referidas aqui, tem hipótese de produzir efeitos visíveis até às eleições legislativas de Outubro próximo. Onde está então o suposto eleitoralismo tão apregoado pelas oposições?
Ao contrário dos projectos de investimento privados, que não avançam sem estudos cuidadosos de viabilidade económica e financeira, os investimentos [LER_MAIS] públicos são condicionados pelo cabimento orçamental (no OE), menos condicionante. Mas em contrapartida têm um obstáculo difícil de ultrapassar que são os estudos de impacto ambiental.
Eu peço desde já desculpa aos meus leitores, mas a opinião sobre a maior parte das pessoas que vivem destes estudos é péssima. E choca-me que, no caso do Montijo, tenham chumbado já uma versão de estudo ambiental e ameacem chumbar a próxima.
aeroporto do Montijo já existe como aeroporto militar de grande movimento e nunca foi, ao que sei, auditado para fins ambientais.
As pistas já lá estão e haverá apenas necessidade de construir uma aerogare e alguns estacionamentos. Os ambientalistas vão estudar o quê?
Um amigo meu que, como eu, partilhava esta opinião que eu tenho, dizia que os ambientalistas, também conhecidos por “verdes”, eram como as melancias: verdes por fora mas vermelhos por dentro.
E acrescentava que se Moisés vivesse hoje, seria preso por ter separado as águas do Mar Vermelho sem previamente ter encomendado um estudo de impacto ambiental… Teria mais coisas para dizer sobre isto, mas têm que ficar para outra ocasião.
*Economista