Arranca no próximo fim-de-semana a nova época de uma modalidade que está a conquistar cada vez mais praticantes na região de Leiria. Trata-se do footgolf, que por cá já conta com clubes, campos de treino, jogadores federados e campeões nacionais, que começam a trabalhar de olhos postos no mundial de 2023.
A grande competição vai decorrer na Disney, nos Estados Unidos, onde são esperados cerca de mil praticantes de vários pontos do globo.
Como o nome sugere, footgolf é um desporto que alia futebol e golfe. Também aqui o objectivo é fazer chegar as bolas aos buracos, sendo que o esférico é de futebol e as tacadas são, claro está, os chutos dos atletas.
Em Portugal já existem vários campos oficiais. Têm 18 buracos e, ao longo de uma extensão de seis a sete quilómetros, pretende-se que o jogador encaminhe as bolas para os buracos com o mínimo de chutos possíveis. Embora sejam jogos individuais, as quatro melhores provas de uma equipa também permitem apurar a classificação do grupo.
É uma modalidade que “carece de técnica e de estratégia”, explicam Miguel Maia e Flávio Azenha, que com Vasco Pinto fundaram em 2019 o Ravens Footgolf Club, na Marinha Grande, que reúne actualmente 26 praticantes, quase todos federados.
Miguel Maia, vice-presidente, realça que a sua academia não tem um campo oficial. Bem desejava que o fosse e a Federação Portuguesa de Footgolf também gostaria de contar com espaços desses em mais cidades do País. Mas é necessário grande investimento para preparar um campo de tamanha extensão, nota Miguel.
Mesmo assim, com seis buracos, esta propriedade na Guarda Nova já é suficientemente apelativa para juntar muitos praticantes regulares. E alguns deles com relevância nacional.
Em 2020, Flávio chegou à segunda posição do campeonato nacional e conquistou a Taça de Portugal. No ano passado, Miguel repetiu os mesmos feitos.
Também a nível internacional, a região tem deixado boas marcas. Em 2018, quando ainda competia pelo Leiria Footgolf Club, Azenha alcançou o 12.º lugar no campeonato do mundo, entre cerca de 450 participantes. “Sou empresário no ramo dos moldes e vendo ferramentas para empresas deste sector. Mas jogo futebol desde miúdo e quando me desafiaram para experimentar footgolf apaixonei-me logo pela modalidade”, recorda Flávio.
Quer Flávio quer Miguel já chegaram a integrar a selecção nacional. “Agora queremos classificar-nos e voltar. O nosso objectivo é participar no próximo campeonato do mundo, que vai acontecer no ano que vem, no campo de golfe da Disney”, adianta o vice-presidente da Ravens Footgolf Club.
“Foi no meu campo de Caxarias que Flávio começou a praticar footgolf”, conta António Simões, que se orgulha de ter transformado, em 2017, um terreno cheio de silvas num espaço utilizado por mulheres e homens de todas as idades.
António trouxe o bichinho do footgolf para a região, importado da Suíça, onde o seu filho, Frederico Simões, foi um fundadores da modalidade, e onde é, há vários anos, elemento da selecção daquele país.
Além de ter criado o seu campo, onde treinam 15 elementos federados da equipa de footgolf do Centro de Cultura e Desporto de Caxarias, que diversas vezes sobem a pódios nacionais, e “mais de 300 outros jogadores vindos de toda a parte” (VER CAIXA), a António Simões se deve também a fundação do já extinto Leiria Footgolf Club, que catapultou, a nível mundial, nomes como Flávio Azenha, orgulha-se este fervoroso aficionado.
Footgolf é uma actividade muito democrática, defende António Simões. Na competição formal, podem jogar homens e senhoras, dos juvenis aos séniors. Mas, informalmente, todos podem também “fazer o gosto ao pé”, qualquer que seja a sua condição física. No campo de Caxarias, por exemplo, além dos atletas de footgolf do centro de desporto e cultura local, bem como dos utentes do Centro de Reabilitação e Integração de Ourém – que jogam a título gracioso – realça António Simões, há ainda uma grande diversidade de pessoas que se rendem cada vez mais a esta actividade. É o caso de grupos que ali celebram festas das empresas ou até de jovens que fazem partidas de footgolf para festejar despedidas de solteiro. Passam o dia de uma forma diferente e a um preço simbólico, conta o proprietário do campo.