No fim, era Porto ou Leiria. Escolheram Leiria. Depois da hipótese México, depois de abandonarem a hipótese México e se imaginarem na Europa, depois de reduzirem a decisão a Portugal ou Espanha, depois de conhecerem outras possibilidades durante o mês de férias em Portugal, escolheram Leiria para um novo começo, longe dos Estados Unidos da América e dos dias intermináveis de trabalho em cidades como Chicago, Los Angeles, San Francisco ou San Diego, a manter empregos e vidas “realmente stressantes”, ela no sector imobiliário, ele na indústria do cinema.
Como quem vive um sonho não eternamente adiado, Maggie Parnell e Glenn Harris – que se fixaram no centro, junto ao rio – estão em Leiria desde 2018 e desde a última quarta-feira, 8 de Fevereiro, Maggie apresenta no Posto de Turismo de Leiria a exposição de pintura Perception, One Story is Not Enough, constituída por 30 obras, todas realizadas em Leiria e pela primeira vez exibidas em público.
Para ambos, Leiria é a oportunidade de “voltar a fazer arte” e vibrar com o estímulo de uma “grande transformação cultural”.
Desde a primeira hora, parece-lhes o lugar certo para estar, aquele que lhes permite ser quem querem ser. Uma cidade “agradável”, “bonita”, que tem a “dimensão perfeita” e amigos com quem partilhar vinho e restaurantes favoritos.
Ao fim de três anos, a mudança para Portugal significa tranquilidade, segurança, um estilo de vida mais relaxado e o equilíbrio que canaliza energias para interesses como a música (Glenn, técnico de cenários e efeitos especiais para cinema, é também baterista e produtor) e a pintura. Mas são sobretudo as pessoas que os cativam no romance com Portugal. Maggie conclui: “Amo a energia que Leiria tem. Há uma base de famílias jovens. Sinto-me em casa”.
Perception, One Story is Not Enough remete para as diferentes perspectivas e leituras que o trabalho de Maggie Parnell suscita, a partir de uma abordagem mista que convoca a pintura com acrílico, óleo ou lápis, a colagem e a sobreposição e texturização, entre outras técnicas, sempre num registo abstracto e contemporâneo.
A exposição – que pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas, e sábados, domingos e feriados, das 9:30 às 13 horas e das 14 às 17:30 horas, até 27 de Fevereiro – reúne 30 obras que, para a autora, têm, definitivamente, algo em comum. “O meu método é experimental, sempre procurando outra maneira de desencadear uma ideia ou uma reacção em cadeia que leva a um caminho ainda não visto. Pratico todos os dias com o objectivo de clarificar a minha intenção e expressão, esforçando-me para alcançar todo o meu potencial como artista”.
Camada a camada, o processo criativo é “raramente planeado”, embora deliberado e intuitivo. “Quero ver aonde me leva”, explica. “É sobre acrescentar ou retirar. A parte divertida para mim é essa”.
Não existe “uma única história” e “nenhuma interpretação é imprecisa”. Emoções, experiências e memórias “são traduzidas para a linguagem das imagens” e geram “uma resposta emocional, ou uma contemplação, que são distintas para cada pessoa e resultam em algo novo a cada interacção”, considera Maggie Parnell, que também está atenta ao meio cultural em Leiria e destaca a artista plástica Sílva Patrício.