No dia em que escrevo esta crónica, o prémio Nobel da Economia de 2018 foi atribuído a Paul Romer e William D. Nordhaus. Nordhaus ficou conhecido por ser o pioneiro na utilização de modelos simples mas dinâmicos e quantitativos do sistema económico-climático global.
As ferramentas que criou permitem simular como a economia e o clima podem coevoluir no futuro, considerando hipóteses alternativas sobre o funcionamento da natureza e a economia de mercado, incluindo as políticas relevantes (como impostos sobre carbono).
Estes modelos são tão mais importantes quanto o abismo do aquecimento global é hoje uma inevitabilidade. Romer, por seu lado, tem um contributo ímpar na questão do crescimento económico.
Seguindo de certa forma o percurso feito por Schumpeter (economista austríaco do início do século XX), Romer propôs um modelo de crescimento económico que incorpora o progresso tecnológico como fator determinante para o desenvolvimento, considerando que a produção de conhecimento e ideias (de forma sistematizada através do setor de I&D) e tecnologia são os elementos fundamentais do crescimento económico.
O stock acumulado de conhecimento de uma economia, tal como o stock de capital, permite que empreendedores e empresas inovem, [LER_MAIS] criando mais crescimento do que em economias onde não existe stock ou produção de conhecimento.
Romer mostrou ainda que mercados desregulados podem gerar algum progresso tecnológico, mas tendem a subproporcionar I&D e os novos bens criados por ela. Para resolver esse subfornecimento, Romer propõe a intervenção pública sob a forma de investimento público (por exemplo na investigação no ensino superior, em bolsas de investigação, em laboratórios públicos), mas também na criação de legislação de patentes e outros direitos de propriedade intelectual que levem as empresas a investir na “criação de conhecimento”.
Estas leis devem encontrar o equilíbrio certo entre a motivação para criar novas ideias, dando alguns “direitos de monopólio”, mas também garantir a futura livre disseminação de conhecimento, limitando esses direitos no tempo e no espaço.
As ideias de Romer ilustram o poder da inovação, empreendedorismo e I&D como geradores de crescimento, e estão na base de muitas das políticas públicas modernas, porque a investigação (quer seja feita em empresas ou politécnicos) tem um enorme potencial de gerar externalidades positivas.
*Diretor executivo – D. Dinis, Business School
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990