A gestão dos recursos comuns é um espaço de encontro da opinião pública, já que o usufruto é transversal à sociedade.
Emprestaram-me um livro muito interessante intitulado The Zero Marginal Cost Society, de Jeremy Rifkin, onde o autor desenvolve e liga o conceito dos “commons” ( bens comuns colaborativos) ao uso e desenvolvimento da internet e sobretudo da internet of things (IoT) para uma sociedade com a mais baixa pegada ecológica possível.
Sendo um livro eminentemente de cariz tecnológico, o autor apresenta porém alguns conceitos de aplicação pertinente noutros contextos, como a noção de recursos comuns.
Este conceito de “commons” é historicamente o que em português denominamos de morgadios ou baldios de pastagem comunal, ou seja, terras que eram usadas por uma comunidade local.
Este conceito, estudado inclusive pela Nobel em Economia Elinor Ostrom, remete para o uso colaborativo de bens comuns e de como a mutabilidade e adaptabilidade das soluções colaborativas encontradas pelos utilizadores contribuem para uma melhor relação entre o Homem e os ecossistemas.
Traçando um paralelo entre este conceito e o design de espaços urbanos/públicos, podemos considerar um espaço público, construído e gerido como um bem comum, onde os equipamentos que o povoam providenciam aos utilizadores uma certa mutabilidade de funções, necessárias para responder às necessidades [LER_MAIS] e criar oportunidades de interacção e usufruto em espaços que se encontram vazios.
Ou seja, em locais públicos que se definem pelo vazio, como a praia ou uma praça, existem equipamentos e/ou sistemas que permitem a sua ocupação, tornando-os mais seguros, aprazíveis e sobretudo obedientes a um conjunto de regras que os torna comuns.
A minha proposta é se num cruzamento entre arquitectura e engenharia social pode o design de equipamentos urbanos ou ferramentas de utilização comunitária promover a interacção dos utilizadores com o espaço público, aumentando assim a procura de soluções colaborativas de forma orgânica e de usufruto comum.
Simplificando, quero encontrar soluções para que nas praias que ocupamos temporariamente por esse Verão fora haja equipamentos e/ou produtos que não nos obriguem a levar o chapéu, corta vento, cadeira e geladeiras para a praia. *Designer