A recente polémica, criada por Filipe La Féria, em torno da afirmação de que em Leiria não há cultura, proferida durante o Got Talent, veio distrair os munícipes, mais uma vez, das misérias da gestão autárquica do nosso concelho.
Na verdade, esse “incidente” foi música para os ouvidos do vereador da cultura, e eterno empregado da política leiriense, que viu aí a oportunidade de se vitimizar usando, para tal, meios de propaganda inimagináveis, não para defender Leiria, mas antes para se promover a si próprio.
Apesar de Castro estar ainda a iniciar o seu último mandato, “o garoto”, nome pelo qual é conhecido o vereador da cultura, faz dele um morto vivo. Afirma, entre dentes, nos meandros da concelhia do PS, que Castro já só prejudica o Partido.
O facto de me dar bem com Damasceno e considerar Castro o menos mau do elenco camarário não me condiciona a dar a minha leitura da política leiriense. Ambos têm, também, a particularidade de terem tido carreiras profissionais próprias não precisando, por isso, da política para viver. Castro foi, até, bastante longe, na carreira do fisco.
Dito isto, vamos então ao que, verdadeiramente, importa. Nas duas últimas décadas, Leiria não evoluiu nem um décimo do que as suas potencialidades geográficas, económicas e políticas lhe permitiam por falta de visão, sentido estratégico e liderança de quem governou a câmara. Além do caos urbanístico deixado por Lemos Proença, o estádio (com que, infelizmente, Damasceno [LER_MAIS] nos brindou), foi a única obra de grande dimensão desde a construção do Hospital de Leiria em 1995.
Castro, também ele, se prepara para nos deixar o seu “elefante branco”, que é o multiusos na Nova Leiria. E nem o envergonhado Polis escapa à pequenez e falta de visão estratégica da gestão autárquica. Paredes meias com uma vala de água a céu aberto a que, orgulhosamente, chamamos o “nosso” rio Lis, temos uma cidade caótica, desorganizada e disfuncional, massacrada com estacionamento pago, sem alternativas, que tende, dia para dia, a piorar.
É o caos urbanístico, caos no estacionamento e caos na dispersão dos serviços públicos que nem a malfadada loja do cidadão, no edifício do Paço, vai resolver. No primeiro mandato de Castro, virou-se a Marquês de Pombal do avesso para executar uma obra de requalificação, tão inútil que já ninguém se lembra dela.
No segundo mandato, fez-se uma avenida que apenas afunila o trânsito junto aos semáforos da Câmara Municipal. E agora vem aí o multiusos?! Um pouco à maneira da Coreia do Norte, em que a propaganda trata de fazer parecer bem o que é mau, em Leiria, apesar de quase tudo estar mal, o marketing propagandístico trata, também ele, de esconder a verdadeira realidade.
É, precisamente, com propaganda e espetáculos que se enganam gerações inteiras que vão sofrer a pagar os erros e a falta de visão dos nossos autarcas. De facto, La Féria não tem razão nenhuma.
A Câmara de Leiria tem investido “mundos e fundos” em espetáculos de toda a ordem. Não importa quanto custam, o que importa é a promoção pessoal desmesurada do vereador da cultura à custa de dinheiro público conseguido, nomeadamente, através dos elevadíssimos impostos e taxas camarárias. E assim vamos nós.
Como diz o ditado “com festas e bolos se enganam os tolos”.
*Presidente do movimento cívico INTERVIR JÁ