É um termo científico que define transporte entre células, essencial na distribuição, entrada e saída de nutrientes ou para expelir indesejáveis das células.
Esta palavra, outrora estranha, foi absorvida pelo vocabulário popular, ganhando outro sentido. É definida como cumplicidade, fusão ou encontro entre pessoas que se acham parecidas, que têm pensamentos e teorias em comum ou que simplesmente se conheceram e se amaram ou odiaram, por osmose.
Como não podia deixar de ser, este fenómeno psico-social encontrou uma avenida nas redes sociais e manifesta-se, expressando uma convicção que não deixa de ser curiosa: a de que já não existe nada de novo; e de que o que aconteceu aos outros já me aconteceu a mim, a triplicar.
Será isso verdade? Será isso possível? Ou viveremos já sob o famoso estado distópico da alienação sem realmente nos apercebermos disso?
Será que somos cobaias de algo, ou, pelo contrário voluntários num teste, ao qual ninguém, a não ser as nossas indomáveis fraquezas, nos propôs?
[LER_MAIS] Há uma espécie de inversão de valores. Desta feita de um ditado bem popular: com o mal dos outros posso eu bem. Verdade. E podemos assim tão bem com o bem?
Qual é a nossa necessidade de minimizar ou vulgarizar situações de pessoas que, por ingenuidade, deficit de atenção ou outra coisa que não sabemos, publicam as suas façanhas, os seus filhos, a sua música, as suas tentativas de suicídio, as suas maleitas online? Quando alguém desabafa ou partilha, assim é, conforme expliquei.
A sua caixa de comentários enche-se de pessoas que sabem “bem como é”. Que sabem sempre tudo. Diagnósticos na hora, por osmose, aventuras nunca contadas, bem melhores que as nossas.
Tendo sempre muito mais jogo de cintura. Que sabem como é e o que fazer acerca disso, que é como quem diz, sabem tudo. Como se fosse assim tão simples, o transporte entre células. Num mundo em que se tem de escolher entre ser adulto ou perpetuar o egoísmo adolescente de nos mostrarmos, temos de perceber uma coisa:
A internet não tem ouvidos. Só olhos grandes para nos ver melhor e uma boca grande para nos comer.
Músico