O problema colocou-se de imediato, ainda em 2014, assim que uma loja de uma empresa grossista, dedicada à importação e à exportação de marisco e peixe fresco, se instalou no mercado municipal da Nazaré. Mas a pandemia, e a crise que dela resultou, fizeram elevar ainda mais as dificuldades das peixeiras que durante décadas ali faziam o seu negócio.
Actualmente, restam apenas duas destas vendedoras, que culpam a câmara por ter permitido a fixação de um concorrente incontornável naquele espaço, e que pedem atenção para com os pequenos negócios tradicionais no futuro mercado, que o município está a projectar. “Abriu aqui a peixaria e deu cabo do nosso negócio.
No Verão há mais movimento, mas já não compensa”, defende Amélia Conde. “Eles também vendem peixe fresco e como têm porta voltada para a rua, as pessoas nem precisam de entrar no mercado para comprar”, prossegue a vendedora. “Com a pandemia e com a crise o negócio ficou pior”, realça Amélia. “Fizemos de tudo para alertar a câmara e não nos deram ouvidos”, recorda a vendedora.
“Pago câmara frigorífica, gelo, sacos e gasóleo para o transporte, e o preço está sempre a aumentar”, conta a peixeira, frisando que, apesar de todos os custos que suporta, este é o seu “único ganha-pão”. “Enquanto não tivermos reforma, temos que aguentar”, afirma.[LER_MAIS]
A outra vendedora, que prefere manter o anonimato, também explica que o seu negócio começou a decair a partir do momento em que a peixaria abriu.
“No Verão, ainda aqui vendem mais algumas mulheres. De Inverno, somos só as duas.” A concorrência comercializa em grandes quantidades e consegue ter preços mais competitivos. “O meu negócio caiu 70% ou 80%”, estima a vendedora.
Futuro mercado pode ter hotel
A autarquia informa que o projecto para a requalificação do mercado municipal deverá contemplar “a instalação de um parque de estacionamento subterrâneo e, eventualmente, uma unidade hoteleira, num modelo semelhante ao do Time Out Market Lisboa, com áreas dedicadas à gastronomia, onde os produtos frescos locais terão enorme relevância”.
O objectivo é transformar o edifício e a zona “numa referência para visitantes, de dia e de noite”.