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Home Entrevista

Júlio Isidro: “Nunca me bati por ter o nome em letras grandes no cartaz”

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Novembro 21, 2021
em Entrevista
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Júlio Isidro: “Nunca me bati por ter o nome em letras grandes no cartaz”
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Continua muito activo.
Mesmo muito activo. Demasiadamente activo, contra a vontade da família e de alguns amigos mais próximos.

Correu bem a emissão no fim-de-semana, claro.
Foi o programa [Inesquecível, emissão 400] mais visto do canal no domingo e o quarto mais visto no sábado. O que é muito bom porque fazer concorrência ao Big Brother e ao Agricultor é difícil. E no domingo ainda mais me espantei porque fiz concorrência na última meia hora àquele desastre que se deu entre Portugal e a Sérvia.

Vê alguma semelhança entre os formatos que foi estreando ao longo dos anos na televisão e os programas que vemos hoje nas tardes e nas manhãs e nos directos de fim-de-semana que têm os canais generalistas?
No daytime não creio que haja qualquer semelhança. O meu formato do Passeio dos Alegres tem tido reproduções das mais variadas maneiras, mas nada que tenha realmente a ver com o original. E ainda bem. É como a Aspirina: a Aspirina é que é a original. Em relação às outras referências, que fiz só em tom de brincadeira, são dois programas de altíssima audiência, mas comparar com tudo o que tenho feito é comparar o Rossio com a Feira de Beja.

O que é que os separa?
Eu estou na Feira de Beja, provavelmente [risos]. É outra linguagem, é outra forma de estar em televisão. Não é agora, com esta idade e com 61 anos de carreira, que vou modernizar- me. E este modernizar-me entre muitas aspas.

Aparece na RTP em 1960, ainda adolescente, em programas juvenis. Quando é que percebe pela primeira vez, na rua, o impacto de ser apresentador de televisão?
Num país pobre nem toda a gente tinha aparelho. No meu prédio, e era numa avenida benzoca, só os Isidros é que tinham aparelho de televisão. Havia muito menos gente a ver televisão. Eu ia para o Liceu e os meus colegas tratavam-me como sempre me trataram. Habituei-me a ser tratado como as outras pessoas, o que é muito salutar para mim. Nunca me achei diferente e eles também não me achavam nada diferente. Não tinha colegas a quererem lanchar comigo nem havia colegas meninas a olharem para mim como se eu fosse um sex symbol, que nunca fui.

O que é que a fama lhe trouxe de melhor e pior?
Nunca tive fama nenhuma. Aliás, a única fama que quero ter é de bom homem. O mundo está cheio de gente famosa desconhecida. Eu prefiro ser um conhecido não famoso. O melhor pode ter a certeza que não é mais do que receber no Natal uma caixa muito bonita oferecida pela Delta com uns cafezinhos e umas chávenas. Isso é o melhor em termos materiais. Mas o melhor, autêntico, é ir à rua. Hoje fui à Minisom fazer a revisão dos aparelhos e quando estava cá fora uma menina audiologista quis tirar uma fotografia comigo à frente da loja. Lá fui tirar e só pelo facto de estar a tirar fotografias já estava ali uma plateia de duas ou três pessoas, umas senhoras. Isso chega, são as coisas boas.

E conhecer gente interessante?
Ao longo da minha carreira evidentemente conheci. Só no Inesquecível tive até agora 900 convidados e não posso destacar ninguém de quem eu não goste. Agora, coisas desagradáveis… as coisas desagradáveis praticadas em Portugal são sempre feitas atrás da cortina. E, portanto, só de vez em quando é que me apercebi que fui levando umas facadas aqui e acolá, mas mesmo com as costas a sangrar, fui andando.

E perdoou-as?
Não, é evidente que não. Eu não sou a Madre Teresa de Calcutá e muito menos Jesus Cristo. Não dou a outra face. Não é uma questão de não perdoar e também não é uma questão de não esquecer. É uma questão de não atribuir valor às baixezas que de vez em quando me têm acontecido. Arrumo numa gavetazinha. Não tenho nem preconceito nem estados de alma em relação a algumas coisas que me foram acontecendo, menos boas, algumas até más. Nunca me bati por ter o nome em letras grandes no cartaz. E a prova é a minha vida.

Hoje é mais difícil ou mais fácil atingir o estatuto que o Júlio Isidro alcançou?
Penso que a única dificuldade que se pode pôr é para aqueles que querem ser sprinters quando aquilo que devemos fazer é corridas de velocidade prolongada e mais tarde corridas de maratona. Tudo isto tem o seu escalão. E quem quiser saltar em altura sem subir primeiro uns degraus, provavelmente, não terá ocasião de prevalecer neste ofício muito tempo. Isto é um ofício, é o meu trabalho.

E o trabalho não é exclusivamente o momento em que está à frente das câmaras.
Isso é a pontinha do iceberg. O que há mais são só apresentadores, mas eu nunca fui só apresentador. O programa de duas horas que esteve no ar, o 400, foi pensado, foi escrito por mim, foi planeado e depois é que foi apresentado. E as peças foram todas editadas por mim. O conceito do programa, tudo isso resulta de um trabalho de bastidores que é muito anterior e eu diria que muito mais cansativo até do que a apresentação.

Momentos inesquecíveis nestes 60 anos de carreira?
Em termos nacionais, posso lhe dizer que quando entrevistei a actriz Anna Paula Zeiger, entrevistei-a com 80 e tal anos, ela estava muito fresca e disse-me “eu vou continuar a fazer teatro, vou de novo para o Teatro Experimental de Cascais, com o Carlos Avillez, porque sinto-me bem e porque preciso de acrescentar algum dinheiro à minha reforma”, penso que de 500 euros. E tinha sido uma vedeta de primeiro plano no nosso teatro. Tocou-me profundamente. Ao nível de música, é evidente que gostei muito de ouvir a Amália dizer-me “Júlio, virei a qualquer programa seu e sempre à borla porque o Júlio é que me trouxe à televisão depois de eu estar saneada”. E ela foi a mais uns dois ou três programas meus e nunca me cobrou um chavo. Com o Dustin Hoffman fiz quase que uma amizade, pelo menos feita de gargalhadas. E com a Julia Roberts. São 15 minutos onde, como dizia o Scolari, é o mata mata, não é? Ou corre bem ou não corre. E, portanto, olhe, correu bem. De tal maneira que a entrevista não teve 15 minutos, teve bastante mais tempo, por causa disso. E com a Julia Roberts também.

Imagine-se outra vez com 15 anos, a começar agora, em 2021. Seria no YouTube?
Penso que se calhar seria muito mais o Júlio Isidro, provavelmente, com 15 anos, a tentar entrar para a Academia Militar para vir a ser piloto aviador. Aconteceu-me tudo por acaso e eu fui só tendo a percepção das coisas. Foi um acumular de experiências. Muito poucos pedidos, porque eu não sou de pedir. Não é por orgulho, é por timidez. E, portanto, o miúdo, com 15 anos, continuava a sonhar ser aviador.

A televisão ainda tem o poder de vender tudo, de sabonetes a presidentes da república, como na frase de Emídio Rangel?
Não gostava que o presidente fosse considerado um sabonete. É evidente que a televisão tem muita importância, mas hoje todos nós temos uma televisão à nossa disposição, e ainda por cima somos nós intervenientes, quando entramos nas redes sociais. O jornalismo, outras formas de intervenção, estão a correr riscos de aqueles que não são jornalistas inventarem as notícias, de campanhas serem feitas a favor ou contra o bom nome de uma pessoa qualquer. A televisão continua a ter muita importância, mas, como está já muito fragmentada em termos temáticos, já não terá, eventualmente, a mesma capacidade de mudar o mundo que já teve. Agora a televisão é um quadro que está pendurado na parede onde nós vemos as imagens que quisermos. Eu nasci a ver as imagens que me queriam dar. É uma diferença muito grande. Olhando para o telemóvel e para o computador portátil, então já somos nós que somos os agentes da comunicação. E devo dizer que alguns agentes são terríveis. Toda a gente sabe da influência, também ao nível cultural, ao nível político, que as redes sociais, que a net, no seu todo, tem, com resultados muito preocupantes, para não dizer perigosos.

Como é que imagina o futuro da televisão?
Acho que as televisões generalistas estão condenadas, a médio prazo. Não estou a ver muita gente daqui a uns anos a ver na televisão aquilo que nos vão dando. Já existem as estações que têm só notícias, só música, só entrevistas, é isso que eu penso que será o futuro, com, naturalmente, a queda cada vez mais acentuada das chamadas generalistas. Aliás, basta ver as audiências.

As primeiras emissões da RTP, na década de 1950, tiveram importância para aproximar as diferentes regiões do País, ou, pelo contrário, sublinharam a diferença entre quem pode comprar um televisor e quem não pode?
A televisão quando apareceu em Portugal era claramente um elemento de propaganda do regime, quer dizer, regime de partido único, televisão única. Não deixa margem para dúvidas. É evidente que nesta multiplicidade as tendências podem diversificar-se, mas a diferença entre ricos e pobres continua. Não é só no aparelho de televisão que têm em casa, é provavelmente também no centro de saúde, na escola, na Segurança Social, em muitas coisas que fazem com que as pessoas não sejam realmente iguais perante o país e o País não as trate de forma igualitária.

Para o bem e para o mal, muita gente aprendeu e começou a conhecer o mundo através da televisão?
Disso não tenho dúvidas. Para o bem e para o mal. As pessoas, sem saírem do banquinho que têm ao pé da lareira em casa, de vez em quando parece que estão a dar a volta ao mundo. Mesmo com esta decadência sistemática, progressiva, das estações generalistas, há muita coisa que as pessoas vêem e que as valoriza. Aliás, no documentarismo, todas as televisões, não só o serviço público como também as privadas, têm feito documentários muito interessantes.

O que gosta de ver na televisão?
Vejo muitas vezes com o olho profissional e quando vejo com o olho profissional nem vejo por inteiro. Quando vejo por prazer, gosto de ver notícias, um concurso, até para saber como funciona, gosto de ver séries nos canais privados e também na Netflix e na HBO, vejo com muita frequência o Eixo do Mal, vejo com muita frequência também o programa do Ricardo Araújo Pereira, e pouco mais.

E os programas que apresenta, vê-os?
Não. Estão feitos, estão feitos. Parto para outra.

Depois de divulgar tantos talentos ao longo de décadas, como é que avalia a música portuguesa que se faz hoje?
Avalio de uma forma muito positiva. Os tempos são diferentes. A minha geração está cheia de talentos extraordinários, muito criadores, outros intérpretes, mas muitos criadores, que, curiosamente, continuam a chegar aos nossos dias. E ainda bem. Estou a dar a entrevista a poucas horas de ir ver o concerto dos 60 anos do Paulo de Carvalho, que é um exemplo disso. O Jorge Palma é um compositor e um intérprete extraordinário, o Fernando Tordo, um dos compositores que escreveu coisas mais bonitas para a música portuguesa. Há também o Abrunhosa, que é muito bom. Se recuar mesmo para a minha geração, temos o José Mário Branco, o Sérgio Godinho, o Fausto. Claro, o Zeca Afonso, que é um caso único. Tanta gente. Mas não podemos dizer “no meu tempo é que era bom”, porque há hoje gente a compor e a cantar com muita qualidade.

Na televisão e na música?
Antigamente, alguns desses nomes que foquei não passavam muito na televisão, não era um sítio que os recebesse com muito carinho. Hoje, há programas que estão muito dirigidos para um determinado tipo de música, que chamamos mais popular, mas talvez faça falta também um ou outro programa que se dedique mais a outro tipo de música que não aquela que é considerada mais popular.

Quem é que nunca entrevistou e gostaria de ter entrevistado?
Gostava de entrevistar o Robert De Niro. Sei que é muitíssimo antipático, mas gostava de o entrevistar. Em termos nacionais, praticamente tenho entrevistado toda a gente que solicito. Não tenho na memória alguém que me tenha dito não. Alguns ainda não foram só porque ainda não calhou. Até agora, nunca ninguém me deu tampa.

Carreira de 61 anos
 
No sábado, 13 de Novembro, o programa Inesquecível, que Júlio Isidro apresenta na RTP Memória, chegou à emissão 400. “Um verdadeiro recorde porque nunca esteve no ar um programa durante quase 11 anos e 400 emissões”.
 
O feito soma a tantos outros numa carreira que se confunde com a história da televisão em Portugal: as emissões experimentais da RTP têm início em 1956 e em 1960 dá-se a estreia de Júlio Isidro como apresentador, no pequeno ecrã, num programa juvenil.
 
Fungagá da Bicharada, Febre de Sábado de Manhã e Passeio dos Alegres são apenas alguns dos programas que criou e que ficaram na memória de inúmeros espectadores.
 
Também fez rádio, passou pela TVI e escreveu vários livros, a maioria deles dirigidos ao público infanto-juvenil.
 
Tem 76 anos e é natural de Lisboa.
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