Diz que estamos em Março, e Março é o mês da Marcha das Mulheres (isto em inglês tinha resultado tão melhor…). É um mês importante, celebra-se uma data que diz respeito à maioria da população mundial, ou pelo menos a metade dela. Já sei que já passou o dia 8 e muitos acharão que já chega deste assunto, que está na hora de voltar ao normal.
Ou seja: o mundo é injusto, e as coisas são como são, boys will be boys, e há a ordem natural das coisas, não é? Não! Desculpem, mas não. Estamos no século XXI, ano 2018, e a Simone já explicou que não se nasce mulher – torna-se mulher, a Emmeline já partiu muita janela para eu poder votar, e as Rosas já mostraram que isto do feminismo não diz respeito só ao género, tem muuuuuito mais que se lhe diga – os mais distraídos que googlem, a wikipedia ajuda!
Passando essa parte que já todos devíamos saber, e que supostamente nenhum homem moderno contesta, resta a pergunta que não se cala: mas então por que é que em certos países que se acham tão civilizados (ai esta palavra!) ainda chora um homem a cada segundo por se falar de feminismo?
“Isso para mim não é assunto!”, chora o pai; “Ai que isto do assédio é uma caça às bruxas”, lamenta-se o irmão; “Essas chatas que odeiam homens!”, choraminga a prima que não quer ser confundida; “Ai, mas na língua o masculino é neutro”, soluça o Ricardo Araújo Pereira.
[LER_MAIS] E aí choro eu, também… Dêem-me o marialva a dizer que as mulheres deviam estar na cozinha, e que eu só sou feminista porque ninguém me pega (pfiu! dessa já me livrei, que alívio!), ou que o “femininismo” (lol!) arruinou a nossa sociedade.
Agora, para o que eu não estou preparada é para aquele argumento preguiçoso e tão pouco solidário dos homens (pseudo oprimidos) da minha vida que ainda não perceberam esta coisa básica: ainda não mudámos nada!
Com tudo o que se passa neste país (no mundo!!), como é que não vêem isso? O que é que achavam que ia ser a igualdade entre géneros? Como é que acharam que a vossa vida não ia mudar?
Sim, igualdade vai significar mudanças de coisas que vos eram confortáveis, por vezes poderá até parecer uma opressão, um exagero, uma chatice!
Mas peço-vos, encarecidamente: quando se sentirem oprimidos pelo feminismo, quando aquela lágrima de crocodilo estiver quase a cair, porque já não podem mandar um piropo na rua, procurem saber um pouco mais sobre o que ainda é ser mulher, hoje, em qualquer parte do mundo – até em Portugal.
*Activista