Como é sabido, em toda e qualquer economia, seja à escala regional ou nacional, os recursos produtivos são finitos. Mas a finitude dos recursos não impõe um desígnio de constrangimento eterno para o crescimento económico dos países.
Uma das características mais evidentes da globalização é, justamente, a acentuada mobilidade internacional dos recursos – capital e trabalho.
Os países, os territórios, competem entre si para a captação de recursos. Leiria tem sido, tradicionalmente, uma região exportadora.
Das 50 maiores empresas exportadoras do distrito, 28 (56%) estão situadas no eixo Leiria/Marinha Grande (Jornal de Leiria, 30/11/17). A tipologia empresarial da região é de forte exposição aos mercados externos, mas ainda é incipiente no que diz respeito à atractividade do Investimento Directo Estrangeiro (IDE).
A consubstanciação do IDE é feita sob três modos:
1. Construção de raiz de uma unidade de produção (greenfield);
2. Aquisição; ou
3. Joint Ventures. A diferença entre o IDE activo (de Portugal no estrangeiro) e o passivo (do estrangeiro em Portugal) é um indicador consistente do grau de atractividade de capital estrangeiro por parte do país de origem.
Nos últimos dez anos, Portugal tem tido, em média, mais IDE passivo do que activo. Isto é, o país tem sido competitivo para a captação de recursos externos.
Em 2016, o saldo líquido do IDE em Portugal foi de 4 mil milhões de euros (Pordata). Tudo aponta para que Portugal entre num novo paradigma de actividade económica, alicerçado em IDE passivo. E Leiria não tem passado à margem dessa tendência.
Ainda no ano passado, o fundo de investimento espanhol Alantra fez um IDE sob a forma de aquisição na empresa MD Moldes. E, na minha opinião, isto é só o início de uma tendência para a nova economia portuguesa e regional.
Como já referi, os territórios competem para a captação de IDE. Mas é preciso que as regiões tenham factores sinergéticos e estratégicos de competitividade. E Leiria têm-nos.
[LER_MAIS] Esta semana, decorreu a segunda edição do Leiria Centro Exportador promovido pela Associação Ação Para a Internacionalização (AAPI). Estiveram presentes 20 câmaras de comércio (mais duas face ao ano anterior), 22 empresas (mais nove do que em 2017), com destaque para a Lufthansa, a Garval e a Cosec, e mais de 500 participantes, com reuniões de procurement sobretudo para o mercado francês e brasileiro.
Com um pequeno orçamento de 16 mil euros, a AAPI se tem destacado como um verdadeiro agente sinergético para os negócios internacionais, não apenas na alavancagem de exportações regionais, mas, sobretudo, como uma entidade que possa, no futuro próximo, ser um facilitador de fixação de IDE aqui na região. A
AAPI pode, perfeitamente, diferenciar-se do papel tradicional (pouco pró-activo) das outras associações empresariais locais e tornar-se numa entidade de referência para o apoio e suporte dos negócios internacionais em Leiria. Principalmente para o IDE.
*Docente do IPLeiria