A editora de design Vicara, dirigida por Paulo Sellmayer, completa 10 anos de actividade e para marcar a efeméride convidou 10 designers a desenharem 10 velas.
A apresentação e celebração acontece este sábado, 6 de Novembro, no Edifício Ceres, em Caldas da Rainha.
De que momentos mais se orgulham no vosso percurso de 10 anos como editora de design?
Um top-3 cronológico. Sair na capa da Financial Times, serem adquiridos quatro produtos – Cerne, Caruma, Cimento e Poliedro – para a colecção permanente do Mude – Museu do Design e da Moda, em Lisboa, e por fim vender produtos para a loja do Jasper Morrison, em Londres. De uma forma mais alargada o que mais nos orgulha é diariamente contribuir para um ecossistema de design e craft/artesanato, propiciando as condições para uma cultura material com identidade própria.
Há uma interpretação dos valores e dos objectivos do design que é característica da Vicara?
Na Vicara focamo-nos na materialidade, nos materiais, processos e sentidos. Temos muito amor em saber sobre materiais, as suas qualidades intrínsecas e as formas de os processar / transformar. A identidade da Vicara está nesse processo de materialização de conhecimento em objectos que se inscrevem na cultura material do design contemporâneo. O que queremos é que haja lugar, fora dos museus, para que sejam usados e apreciados objectos experimentais que acrescentam algo ao nosso conhecimento de e sobre os objectos do quotidiano.
A ligação à ESAD.CR em Caldas da Rainha e ao espaço Serra em Leiria tem ajudado a moldar o percurso da Vicara?
A ESAD.CR, nas Caldas da Rainha, foi o sítio de formação, onde tivemos aulas e fizemos os primeiros projectos, mas é também mais do que isso. É um sítio onde as pessoas se encontram, partilham e criam, onde há uma cultura própria de uma comunidade de pessoas que colectivamente constrói o presente e o futuro das várias disciplinas artísticas que pratica. Essa ligação é inequívoca no percurso da Vicara. Encontro no espaço Serra, em Leiria, algumas semelhanças. Nós, os artistas e profissionais da área criativa, precisamos de locais de liberdade, onde possamos experimentar, errar, apresentar, sem constrangimentos nem ilusões.
Como é que imaginam os vossos próximos 10 anos?
Sinceramente,espero que nos próximos 10 anos possamos disfrutar da experiência que fomos adquirindo, concretizando e integrando projectos mais alargados dentro do espectro do design, manufactura e indústria.