Quem mora ou tem negócio na Pederneira, na Nazaré, está a desesperar com a quantidade de gaivotas que se têm fixado no local, causando perturbação e estragos.
Serafim Silva, que tem duas unidades hoteleiras no local, diz ao JORNAL DE LEIRIA que está a ser “grandemente prejudicado” por este problema que se agravou nos últimos dois anos. “Atiram-se para cima das mesas. Há dias, vi uma que se lançou sobre uma criança e lhe roubou o pão”, exemplifica.
“Invadem a piscina e as áreas ao redor”, prossegue. “Fazem criação nas coberturas dos hotéis”, relata o empresário, salientando que as fezes se acumulam e danificam os telhados. “Os clientes queixam-se muito. Vivo um pandemónio”, faz notar Serafim Silva, que diz já ter informado o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR, iniciativa que, até à data, não teve efeito.
“Estão agressivas e atiram-se às pessoas”, relata o empresário, realçando que o problema afecta todos os que ali residem.
Joana Dias, funcionária de um café desta zona, explica que a concentração de gaivotas é grande na Praça Bastião Fernandes, onde estasse aglomeram à procura da comida que as pessoas costumam deixar aos animais domésticos. São gatos, cães e gaivotas, [LER_MAIS]“uma grande mistura”, constata.
Quem por ali mora tem de conviver com “muito barulho” provocado por estas aves, repara ainda. Segunda-feira, o assunto foi levado a reunião de câmara.
João Paulo Delgado, vereador, salientou que os moradores da Pederneira se queixam da presença destas aves, problema que, acreditam, terá a ver com a utilização de falcões no Porto de Abrigo da Nazaré, usados para afugentar as gaivotas, cujos dejectos têm danificado as instalações.
Walter Chicharro, presidente da autarquia, afirmou não ter conhecimento da presença dos falcões, mas adiantou que a câmara está a planear uma intervenção. Lamentou ainda a conduta de algumas pessoas, que insistem em alimentar estas aves, levando à sua proliferação.
Ouvida pelo JORNAL DE LEIRIA, a Docapesca informa que “a população de gaivotas no Porto de Abrigo não diminuiu, antes pelo contrário”. E “não verifica qualquer relação entre o falcoeiro, que apenas protege uma instalação localizada a Sul do Porto, o centro biomarinho, com a população de gaivotas”.
Biólogo e membro do grupo de cogestão da Biosfera das Berlengas, Sérgio Leandro acredita que a presença das gaivotas na Pederneira não está relacionada com os falcões num ponto da vila e explica que o aumento destas aves é generalizado em todos os países costeiros.