Mais ou menos, no canto superior esquerdo, as cores da “pequena” Catalunha, destacavam-na do mapa. Esta ignorância nórdica chateou-nos muito. Até pelo rumor de que este mapa “Filipino” teve origem em notícias espanholas.
Por outro lado, revela muito do que Espanha (ainda) é para o mundo e do que nós não somos para esse mesmo mundo (e disso temos culpa). Acima de tudo, revela como os líderes espanhóis se sentem perante este complicado caso da Catalunha.
Não há aqui espaço para debater a legitimidade ou não das ambições catalãs. Nem jurisprudência, nem a atitude da Comunidade Europeia perante casos, sempre bicudos, como o do Kosovo.
Facto é que a Europa se desmembra e que os países começam a mostrar os dentes ao projeto condenado ao falhanço que é esta Europa. Depois do calote do brexit britânico, a fragmentação teve luz verde. Países que ignoram directivas comunitárias, bancos que não aceitam moeda checa ou húngara, fronteiras novamente controladas, muita suspeita, muita desconfiança.
[LER_MAIS] A Espanha (menos a Catalunha) agiu, recordando os tempos Imperiais, tanto nas declarações de um monarca obsoleto em 2017; como nas cargas policiais, evocando o fascismo de Franco. A Catalunha não deu o flanco e agora estamos num impasse. Rajoy foi inábil.
Eu não sou político mas Rajoy deveria ter respeitado o referendo, e em vez de la 155, devia ter submetido a vontade Catalã através de um referendo nacional, abrindo de vez a caixa de Pandora ou então segurando a integridade espanhola de uma forma sólida e apoiada por todos quantos querem ser Espanha, a nação.
E são muitos. Uma coisa é certa. Há uma instabilidade que envenena toda a Espanha. Por ora, as ruas de Barcelona celebram o seu bravado. Mas em breve, la fiesta pode acabar.
*Músico