A notícia chegou na volta do correio há coisa de 15 dias. Foi um choque para todos, mas um choque bom, daqueles que provoca saltos, gritos, abraços e bater de palmas. Os Cinco Mais Um ficaram em terceiro lugar no Campeonato Nacional e davam a temporada competitiva e balnear por terminada.
No entanto, esse lugar do bronze valeu-lhes serem convidados para substituir o representante de um campeonato que, devido à pandemia, não pôde ser disputado. E assim vão jogar, de 7 a 10 de Outubro, a Liga dos Campeões de andebol de praia. “Não estávamos à espera e foi uma alegria.”
A viagem para a Sicília já está marcada, o alojamento também. A preparação pode não ter sido perfeita, um pouco em cima do joelho, mas a equipa de Leiria está apta a fazer valer o seu principal trunfo ao longo dos 11 anos de existência.
Em Isola delle Femmine, a um passo de Palermo, vão saber continuar a jogar de “olhos fechados”, resultado de um conhecimento que vai muito além dos automatismos criados por muitos anos de convivência dentro do campo, seja no areal, seja nos pavilhões.
É que eles, acima de tudo, gostam uns dos outros. Não há aquela rivalidade que muitos treinadores gostam que exista Ali, não há craque que entre que não cumpra o requisito principal: a camaradagem.
“Acima de tudo somos um grupo de amigos e ao longo da existência desta equipa temos tentado que essa seja a nossa forma de estar no andebol de praia”, sublinha João Eduardo Marques.
O objectivo é “conseguir ser competitivo”, mesmo tendo essa desvantagem enorme na hora de construir o plantel. “A verdade é que temos conseguido vencer e este ano fizemos o nosso melhor resultado de sempre sem abdicar da nossa ideologia de sempre”, sublinha o jogador.
[LER_MAIS]Ali, o maior dos craques, o Cristiano Ronaldo da modalidade, se não se identificar com a filosofia da equipa, não vai ter lugar. “Ao longo do tempo foi entrando gente, mas só quem gostamos e pensa como nós.”
A questão é que apesar de tudo, das dificuldades em treinar por terem actividades diversas e muitos terem saído de Leiria para estudar e trabalhar, continuam a ser “muito competitivos”. Não jogam por jogar, nem são mais benevolentes por serem comparsas.
“Quando entramos em campo é sempre para ganhar, não pela questão de treinarmos muitos, mas pela questão de termos muitos anos de andebol de praia, sempre a jogar juntos e termos sabido adaptar-nos ao que a modalidade vai pedindo. É assim que vai ser na Sicília.”