A propósito, diga-se que nas décadas de sessenta e setenta do século passado, brilhantes ensaístas económicos e políticos defenderam, com afinco, a criação de uma nova ordem económica internacional-NOEI, que abrangesse designadamente os países da África do Norte, Central e Oriental.
Com este intuito, pretendia-se, por um lado, direccionar o investimento internacional para as zonas mais deprimidas do globo e, por outro, propiciar a criação de riqueza e emprego de modo a estancar a sangria imigratória de centenas de milhares de pessoas para a Europa que, então como hoje, fogem da doença, da fome e da guerra.
Todavia, falhada a NOEI e passados mais de trinta anos, a emigração não foi contida e, pelo contrário, a Europa está cada vez mais pressionada para acolher emigrantes das Áfricas e os refugiados da guerra da Síria, Iraque ou Afeganistão.
Ora, como é sabido, a imigração em massa para a Europa, traz consigo problemas de integração social, que não é possível escamotear. Com efeito, o Islamismo, religião professada pela esmagadora maioria destes imigrantes, assenta na concepção e trave mestre doutrinária do expansionismo, através de métodos que, em última análise, não desprezam o terrorismo.
[LER_MAIS] “No passado também a religião cristã foi sanguinária, mas esses tempos há muito que se dissiparam” (vidé Maria Filomena Mónica, in Confissões de uma Liberal, Ed. Quasi e Amin Maalouf in As cruzadas Vistas pelos Árabes, Ed. Difel 1983)
Acresce, que nos países onde predomina o islamismo, os respectivos Estados são, na sua maioria, confessionais dando lugar à confusão entre poder temporal e espiritual. Esta praxis, há muito que foi abandonada pelos países europeus, onde a laicidade do Estado é uma vitória civilizacional, consonante com as liberdades fundamentais e os direitos humanos.
Outro tanto não se passa com os países de religião islâmica. Mas, ainda assim, será viável compatibilizar o Islamismo com o nosso modo de vida Ocidental? Esta pergunta exige uma resposta clarificadora e não apenas retórica, pois a sua actualidade é iniludível.
No que toca à União Europeia, não se vislumbra que por enquanto, a política externa europeia tenha capacidade ou vontade para responder a tal desafio. Ao invés, e quando se fala de ONU que, com frequência é ignorada no fórum mundial, esta organização é a melhor apetrechada para estimular e desenvolver o diálogo multilateral entre a Europa e os países islâmicos.
Com efeito, e sob a direcção do Eng. António Guterres, actual secretario-geral das Nações Unidas, têm sido dados passos no sentido de aumentar a cooperação bilateral e multilateral dos povos, sem ódio ou rancor, como se extrai das recentes declarações proferidas nas visitas que efectuou a Israel e à Palestina.
Oxalá idêntica vontade se dirija para a África do Norte, Central e Oriental para que os seus povos possam aspirar a um futuro mais risonho, cooperante e humanista. Tudo é possível, assim se queira percorrer este novo caminho.
Leiria, 7 de Setembro de 2017
*Jurista