Uma primeira referência para os elevados níveis de abstenção sendo que no Distrito de Leiria, apesar de ter diminuído cerca 4%, votaram 54,03% do universo dos eleitores, portanto dos 420.001 inscritos exerceram o direito de voto apenas 227.163!
E estes dados ainda se tornam mais preocupantes quando falamos de eleições locais e portanto com muita proximidade e identidade, onde em muitos casos até as questões político-partidárias ficam secundarizadas pelos projectos a sufrágio serem liderados por pessoas que se conhecem muito bem!
Depois importa referir a responsabilidade dos eleitores, porque apesar de ser um único acto eleitoral, estamos a falar de três votações, para três órgãos diferenciados, sendo que uma análise dos resultados mais pormenorizada permite observar que os eleitores sabem fazer essa distinção, contrariando, e bem, a fidelização do voto, prática do passado.
No nosso Distrito e falando apenas das Câmaras Municipais, verificamos a mudança em 6 concelhos, portanto uma alteração de quase 40%, o que não sendo normal, demonstra a maturidade da nossa democracia.
Ficou também evidente que os eleitores não apreciam o regresso de candidatos que já exerceram funções autárquicas, independentemente do reconhecimento do seu trabalho no passado, e por isso foram muito penalizados nas urnas, sendo um bom ensinamento para todos.
[LER_MAIS] De qualquer maneira e talvez para reflexão futura, sinto que o voto se vai banalizando, ou seja, tenho a noção de que pouco se discutem os programas eleitorais, quase nada se olha para as equipas que se apresentam, ficando muito focados nos cabeças de lista, e a decisão do voto faz-se, hoje, por factores que apesar de se deverem ter em consideração, têm uma relevância proporcional aumentada se comparada com outros que me parecem verdadeiramente relevantes e determinantes para a governança e sustentabilidade dos territórios.
Como tenho para mim que todos os candidatos se apresentam com o objectivo primeiro de melhorar os seus territórios e a qualidade de vida dos seus concidadãos, faço votos que todos os que foram eleitos, com particular responsabilidade para os que vão liderar, saibam empregar o melhor de si, colocando sempre em primeiro lugar a nobre missão de servir o colectivo!
O próximo mandato será também de enormes desafios, para lá da continuidade dos projectos enquadrados no Portugal 2020, pois para além das sempre necessárias intervenções físicas, cada vez mais o foco vai ter que ser no imaterial e com muita atenção para o quadro de transferência e delegação de competências, que será uma realidade, e que irá reformular a relação ao nível das freguesias e dos municípios, bem como o papel das comunidades intermunicipais.
Da minha parte, que cessarei funções autárquicas no próximo dia 20 de Outubro, após quase 20 anos de empenho, determinação e dedicação, será com muita atenção que irei observar a forma como as Autarquias Locais se irão posicionar sobre estes novos, mas estimulantes, desafios que se apresentam.
*Presidente da Câmara de Ansião