Não há sombra de dúvidas, e já o havia escrito há uns meses neste jornal, que o dinossauro político, Fernando Costa, apresentado pelo PSD como candidato à presidência da Câmara de Leiria, constituiu uma aposta mais credível que a alternativa, completamente caricata e patética, que seria a apresentação do (auto)candidato Barreiras Duarte.
O ex-presidente da Câmara caldense pregou um susto ao, também, animal político, Raul Castro, na medida em que é, também ele, um autarca com longa experiência no sul do distrito, e em Loures, onde fez um «pacto com o diabo» que terá levado Passos Coelho a excluí-lo das listas de deputados (foi, aliás, o único líder distrital do PSD a ser excluído em todo o país).
No entanto, Costa, apesar de afável e popular, representou uma fugaz e efémera ameaça ao atual presidente da Câmara de Leiria. Mesmo estando Castro prestes a cometer erros (ainda a tempo de serem evitados), nomeadamente a construção do pavilhão multiusos, ainda para mais junto ao estádio, e a localização da loja do cidadão no edifício da antiga Zara, Costa nada fez para merecer a confiança do eleitorado.
Os eleitores não vão, seguramente, dar o lugar de presidente ao candidato do PSD que se limita a comer tremoços e beber uns copos de vinho em festas e arraiais. Com esta campanha eleitoral, Costa não demonstrou ser alternativa credível a Castro.
Além do mais, a lista de vereadores de Fernando Costa é muito fraca, acresce que os candidatos do PS às Juntas (e Assembleias) de Freguesia são, regra geral, melhores do que os candidatos do PSD, nomeadamente, Isabel Afonso/Arlindo Francisco em Marrazes-Barosa, José Carlos Matias/José Ferreira em Parceiros e Azoia, José Cunha/Elisabete Felizardo em Leiria-Pousos-Barreira e Cortes.
[LER_MAIS] A agravar este cenário, no debate televisivo da RTP, Costa limitou-se a falar grosso e a acusar Castro da inércia política relativa ao aeroporto em Monte Real e à eletrificação da linha do Oeste.
Pura demagogia, na medida em que Fernando Costa é o grande responsável pela miséria da linha do Oeste, sendo caso para perguntar o que fez ele durante os quase trinta anos em que foi presidente da câmara de Caldas da Rainha.
Ele que era tão próximo do então primeiro-ministro Cavaco Silva, ao ponto de atribuir o nome desse governante de má memória a uma mini variante que hoje é um pedaço de troço da A8, o que conseguiu ele de Cavaco, Durão Barroso e Passos Coelho, em prol da linha do Oeste? Nada!
Ele que, recentemente, liderou o PSD do distrito, durante o consulado de Passos Coelho, o que fez, também, em relação à base aérea? Monte Real tem sido uma brincadeira política, ao ponto de Santana Lopes, enquanto primeiro-ministro, em plena campanha eleitoral para as legislativas em 2005, ter-se metido num Falcon da Força Aérea e inaugurado oficialmente o aeroporto civil de Monte Real.
O Presidente da República, que é o comandante supremo das forças armadas, nada sabia e o ministro da defesa (Paulo Portas), nesse dia, estava em campanha na Madeira (PSD e CDS faziam parte do governo demitido por Sampaio mas concorriam isoladamente às legislativas de 2005).
Utilizando a nova expressão de Cavaco Silva, Fernando Costa, que nunca piou, vem agora piar?!
*Jurista/autor
Texto escrito de acordo com a nova ortografia