Nas próximas eleições vote com a cabeça. Tenha trabalho. Pesquise. Esqueça a propaganda eleitoral. Lembre-se que este é um casamento para os próximos quatro anos e que os candidatos pagam a especialistas para lhe dizer o que mais vai gostar de ouvir, tal como os noivos pagam a quem os faz parecer melhor nas fotografias.
Mesmo que não seja totalmente verdade. Mesmo que seja só um jogo de imagens e palavras. Para nós é a vida da cidade. Na cidade. Para os candidatos é o emprego. Para alguns é a tentativa de realizar um projecto no qual acreditam.
Para outros é só uma forma de manter padrões de vida. Os deles. Saber onde votar dá trabalho. É preciso escrutinar. Ler nas entrelinhas. Acompanhar a guerrilha político-partidária. Medir continuamente a distância entre as promessas e a capacidade de cumprir promessas.
Mas antes de tudo isto está a capacidade de estar do lado das pessoas, das pessoas todas. Da terra. Dos candidatos a quem não se reconhece proximidade da realidade – das realidades – não pode esperar-se capacidade de gerir a realidade.
Se tivesse de entregar o negócio da família a um candidato a quem seria? Se tivesse de entregar o destino da família a um candidato, a quem seria? Quase nunca nos damos ao verdadeiro trabalho de conhecer os candidatos porque – lá está – dá trabalho.
[LER_MAIS] Enquanto esperamos que os outros façam essa tarefa por nós – como os próprios candidatos em campanha – alguém se encarrega de dourar a pílula. E em campanha eleitoral é válida a mesma regra que usamos para descobrir quem vale a pena, na roda de conhecidos: Quem faz o que diz que faz? Quem cumpre? Quem tem ideias? E capacidades?
Gerir uma autarquia só pode ser difícil. É por isso que boas ideias nunca chegam. Às boas ideias é necessário juntar competências de gestão, porque a máquina que espera os candidatos no dia seguinte às eleições é uma máquina grande, pesada e cheia de pessoas que já lá estão há muitos anos, que não foram escolhidas por quem vai gerir a autarquia.
Trabalhar com equipas alheias é só um dos desafios. Relacionar-se com o poder central, outro. E gerir dentro do mar de limitações legais e financeiras que uma instituição pública tem, mais um. Mas antes, sempre antes está a proximidade e a visão.
Que Leiria querem os candidatos? Está clara essa visão? É desejável, exequível? Há uma pergunta simples que se ensina às crianças para se defenderem da publicidade: – Isto é bom para quem?
A resposta traz-nos geralmente boas indicações de como proceder. Talvez nestas eleições devamos fazer muitas vezes esta pergunta sobre as propostas dos candidatos: – Isto é bom para os leirienses?
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