Ajudar as instituições de saúde a perceber o “estado infeccioso dos utentes” e o risco daí decorrente para os profissionais de saúde, para os visitantes e para os próprios doentes é o principal objectivo do Multiprev – Multidisciplinaridade na prevenção e controlo de infecção.
O projecto está a ser desenvolvido por Sónia Gonçalves Pereira, investigadora do Centro de Inovação em Tecnologias e Cuidados de Saúde (CiTechCare) da Escola Superior de Saúde do Politécnico de Leiria, com a colaboração de Catarina Marques, aluna de doutoramento e enfermeira, e de uma equipa suíça. Sónia Pereira revela que a ideia é desenvolver um “preditor de risco de infecção”.
Trata-se, explica, de uma ferramenta matemática que vai “conciliar dados microbiológicos” relativos ao ambiente, com informação clínica do doente, “somada ao comportamento que conhecemos das bactérias”, permitindo avaliar o risco de infecção e, dessa forma, adoptar “as medidas mais ajustadas” ao seu controlo.
[LER_MAIS]O desenvolvimento do projecto conta com a colaboração de uma unidade de saúde da região, ligada aos cuidados continuados, que se disponibilizou para servir de palco à aplicação do estudo. Sem identificar a instituição, a investigadora elogia-lhes a “coragem”.
“Falar destas questões [patogénicos em ambiente hospitalar] ainda é tabu. Na região, encontrámos pessoas que estão dispostas a deixar-nos ir recolher amostras do ambiente da sua unidade e a estudá-lo, assim como aos doentes que se disponibilizem para tal, para que possamos perceber o que têm em termos de patogénicos”, justifica a investigadora, que tem focado o seu trabalho científico na área da prevenção da infecção e da resistência a antibióticos e na doença celíaca.
Sónia Pereira conta que a ideia de desenvolver este preditor de risco surgiu no âmbito de uma colaboração que tem com uma equipa suíça, liderada por Douglas Teodoro, da University of Applied Sciences and Arts of Western Switzerland, da HES-SO – Haute Ecole Spécialisée de Suisse Occidentale (Siège) (HES-SO).
“Esta parceria decorre de um protocolo que o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) estabeleceu com a HES-SO para o financiamento de projectos-piloto entre os politécnicos portugueses e escolas da instituição suíça”, refere a investigadora. No âmbito dessa parceria há um outro projecto em desenvolvimento, focado na componente do ar, com o objectivo de avaliar a circulação do ar nas instituições de saúde.
“Tanto a Lei portuguesa como as directivas europeias não têm, nesta matéria, legislação específica para as unidades de saúde. O que está determinado em termos de circulação de ar em espaços de saúde é exactamente igual ao que se exige para um centro comercial. Não faz sentido”, defende Sónia Pereira. Neste caso, a parceria é com o Institute of Life Technologies, através de uma equipa liderada por Wolfram Bruck.
