O sector dos autocarros de turismo diz-se esquecido pelo Estado e reclama apoio urgente, tal como têm beneficiado outras empresas do ramo. Esta terça-feira, no âmbito de uma campanha de sensibilização que percorreu as capitais de distrito, o Movimento SOS Autocarros também passou por Leiria. Já quarta-feira, os empresários do sector manifestaram o seu desagrado junto da Assembleia da República, em Lisboa.
João Paulo Sá, responsável pela empresa Top Evasion Europa, de Leiria, foi um dos empresários envolvidos neste movimento de sensibilização. Explicou ao JORNAL DE LEIRIA que a sua empresa, como de resto todas as que trabalham com autocarros no transporte de turistas, está “há 180 dias praticamente parada”. A nível nacional, estão em causa 350 empresas, com uma frota de 2500 viaturas, que empregam cerca de 2000 pessoas.
São entidades cuja actividade principal é o transporte de turistas entre aeroportos, hotéis, deslocações no País e até viagens internacionais, mas que não têm merecido a atenção do Estado, aponta o empresário de Leiria.
No caso da Top Evasion Europa são habituais os percursos entre Lisboa, Fátima, Batalha, Alcobaça, Nazaré e Óbidos, com transporte de turistas vindos sobretudo de França, Itália e Brasil. Sucede que, mesmo com as fronteiras reabertas, o medo dos turistas, devido à Covid-19, fez travar a fundo este tipo de passeios. Por outro lado, salienta João Paulo Sá, o Estado impôs como limite de ocupação dois terços da lotação máxima do autocarro.
Sucede que essa regra poderá fazer sentido no metro, nos comboios ou nos autocarros públicos urbanos, onde se dá entrada [LER_MAIS]e saída constante de pessoas, mas não se aplica a transportes deste género, onde o grupo de passageiros é o mesmo desde o início ao fim da viagem e onde os turistas nunca vão sentados de frente uns para os outros, frisa o empresário.
Com uma frota de 20 autocarros, também António Carvalho, sócio-gerente da S. Bernardo Tour, de Monte Redondo, se depara com o cenário mais negro em quase 40 anos de actividade As poucas agências que têm mostrando interesse nos seus serviços acabam por desistir face à lei que impõe como máximo dois terços da lotação.
Porque isso implica a duplicação de custos, com a necessidade de dividir o grupo por dois autocarros, onde é necessário um guia turístico em cada uma das viaturas, observa António Carvalho.
O Estado deve intervir, prossegue o empresário, até porque a actividade destas transportadoras é sazonal e se os negócios não aconteceram no Verão também vão continuar parados durante a época baixa.
Além de acabar com a regra dos dois terços da lotação, o Estado deveria avançar com outras medidas, sugere António Carvalho: apoiar financeiramente as empresas, reduzir o preço dos combustíveis usados por estes profissionais e avançar com descontos nas portagens.